sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

PG - O EVANGELHO DOS POBRES


Há muito tempo atrás o Messias veio ao mundo salvar pecadores. Os judeus não esperavam um Rei tão pobre e simples, mas foi assim que Ele veio. Semelhantemente a Ele, a Sua Igreja Primitiva também começou seu ministério com os pobres, é claro que no meio deles havia algum rico também. Todavia o ponto principal é: o que nós, Igreja de Cristo no séc XXI podemos fazer pelos pobres, qual Evangelho devemos pregar a eles.
A Igreja deve anunciar a salvação indistintamente a todos. Todavia, as necessidades daqueles que recebem esse Evangelho do Reino de Deus no mundo, são variadas, e nem todos necessitam do mesmo alimento. Há aqueles que, após se alimentarem com o Evangelho, necessitam apenas de um tapinha nas costas e um sorriso acompanhado com um “Ide em Paz”! há outros que o alimento espiritual do Evangelho não tira o ronco e a dor do estômago vazio, não aquece a pele do frio, e, por mais que dê uma esperança futura de salvação, não contribui para uma salvação presente, já, ainda no mundo.
Essa semana fiquei chocado com um relato de uma criança do faminto nordeste brasileiro que, ao colo da mãe, já em estado de inanição e sem forças, se virou para sua mãe e perguntou-lhe: “mãe, no céu tem pão?”, e morreu. Essa criança morreu por falta de amor, de paixão, de misericórdia, de uma política justa, de uma sociedade humana, de um Evangelho prático, de uma igreja atuante e de uma preocupação social. Ela morreu por falta de comida, por fome. No seu último suspiro, ela só tinha uma preocupação: será que no céu que a Bíblia e o cristianismo falam, há pão para matar a fome?, será que no céu, o pão é real, ou apenas palavras frias e sem sustento, como as palavras dos representantes do céu aqui na terra? Será que no céu o Evangelho é para os pobres?
Quando alguém morre de fome, de frio, por falta de tratamento de saúde, etc, ela é assassinada. É um crime doloso. Mas, o crime só é um crime quando o criminoso é um pobre! Matar alguém de fome é o crime mais horrendo, infame, desgraçado e demoníaco que podemos cometer. Sei que você poderá dizer que jamais mataria alguém. Todavia eu te pergunto: o que você tem feito para dar vida a essas pessoas? o que sua comunidade cristã tem feito, além de palavras, para dar vida, e não sentença de morte aos miseráveis que nossa sociedade produz?
O Evangelho dos pobres nos dá poderes e autoridade para desenvolvermos missões que vão além das paredes de um congresso, uma missão que penetra nas entranhas de uma pessoa carente, nas suas células e produz vida saudável e vida em abundância presente e futura. Todavia, antes de tratarmos dessas pessoas, precisamos tratar de nós mesmos, dos nossos conceitos de cristianismo, do nosso entendimento de Evangelho,e , principalmente, da nossa compreensão de missões.
Há algumas ações, dentro do cristianismo mundial, que, mesmo que fragmentadas aqui ou acolá, realizam uma missão urbana eficaz no combate a pobreza e ao desenvolvimento humano. Dentre alguns casos cito o do cristão S.K. Baliyarsingh, chefe da AKSS, que desenvolve projetos de alimentação de desenvolvimento humano às crianças da Índia. Em outra parte da Índia podemos citar o trabalho do Sr Thomas Paul Jr , que trabalha no desenvolvimento humano na região de Kottayan. Recentemente recebi um contato do Sr Sohail, que trabalha para o desenvolvimento humano das pessoas na comunidade de Youhanna Abad Colony, no Paquistão. Em um trecho da carta que me enviou ele diz: “meu povo está vivendo abaixo da linha de pobreza, mas estamos dando o melhor para erradicarmos a pobreza”, e em outro trecho: “a grande maioria das nossas crianças não vão à escola por causa da pobreza, o povo não tem água limpa pra beber”.
O Evangelho da salvação nos ensina a desenvolvermos uma missão que produza vida, vida aqui na terra, e vida eterna em Cristo Jesus. Você possui todas as armas necessárias para realizar essa missão: dois braços, duas mãos, e um Manual. Talvez esteja te faltando, enquanto discípulo do pobre Jesus de Nazaré, apenas sair de sua inércia, e começar a produzir vida nas pessoas que estão sedentas e famintas à sua volta, e às voltas da sua igreja. Lembre-se que o pastoreio de Jesus não foi somente aos judeus, mas aos doentes às voltas das sinagogas.
Assim, te desafio, enquanto pastor ou sacerdote de uma comunidade cristã, protestante ou não, enquanto cidadão urbano, enquanto ser humano, a fazer algo, a partir de agora, pelo desenvolvimento humano daqueles que estão às margens da sociedade em que você vive. Faça alguma coisa, mesmo que pequena, mas faça! Mobilize sua igreja, sua comunidade, sua sociedade a lutar para o desenvolvimento humano daqueles “pequeninos” que estão à sua volta. Se você começar a fazer algo, muitas pessoas também farão, e, certamente você terá o maior aliado ao seu lado, o pobre, mas rico Jesus Cristo de Nazaré.
Rev. Pevidor

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