quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

PG - APENAS CINCO PÃES E DOIS PEIXES


A responsabilidade é algo nato no ser humano. Todas as pessoas são responsáveis por alguma coisa. Desde que nascemos nos tornamos responsáveis pela sobrevivência, e o instinto a essa luta nos capacita a desenvolvermos habilidades de sobrevivência quase sobrenatural. Essa luta não é somente privilégio dos seres humanos, mas também de toda a criação, principalmente após a queda. A partir desse episódio em nossa carreira terrena, passamos a sofrer a degradação do cosmo, e isso nos empurrou para uma luta desenfreada pela sobrevivência.
Atualmente vemos uma luta pela sobrevivência na guerra dos Estados Unidos e Inglaterra contra o Iraque. Quando falamos dos três países envolvidos, quase esquecemos de que, ao falarmos desses países, estamos falando de pessoas, vidas lutando pela sobrevivência. Certamente muitos deles não pediram a guerra, todavia, o mundo os obriga a lutarem pela sua própria sobrevivência.
A sobrevivência é algo que vemos em boa parte do planeta. No Brasil, vemos milhares de vidas lutando pela sobrevivência diária. Eu pude acompanhar essa luta de perto, quando, até o ano passado, desenvolvia um projeto com os catadores de papel da cidade onde moramos anteriormente. Homens, mulheres, jovens e às vezes até crianças levantavam nas manhãs gélidas do inverno, a fim de coletar papeis, vender e adquirir recursos financeiros para sua sobrevivência naquele dia. Muitos daqueles ficariam até mesmo sem o almoço, se nossa comunidade não lhes servissem a refeição. O pouco que conseguiam naquele dia bastava para alguns pães e o jantar.
Por onde passo, eu sempre vejo muita luta pela sobrevivência. As Igrejas Cristãs estão no epicentro dessa luta grandiosa. Se olharmos atentamente, veremos às voltas de nossa casa essa luta; muitas vezes vemos nos lixões, nos lixos à frente de nossa residência, nos semáforos, nas favelas, nos guetos, etc. Estamos em meio a um bombardeio de miséria e ruína à criação de Deus, e nesse meio, não podemos não fazer nada. Seremos atingidos de qualquer forma. Esse inimigo vem de todos os lados, de todas as fronteiras, e a única solução é lutar.
“A nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal...” (Ef 6.12), e por isso, somos responsáveis por essa batalha na qual o inimigo quer, a toda, destruir a criação de Deus. Jamais poderemos renunciar ou mesmo desertar, pois essa guerra pela sobrevivência nos perseguirá. Como servos e igreja de Deus que somos, fomos vocacionados a lutar pelo ideal de uma vida em abundância, pelo desenvolvimento e pelos direitos humanos. Não importa a força do inimigo, muito menos se as profecias anunciam a destruição do cosmo. Precisamos lutar inconformadamente pela vida. Não precisamos ter muito para vencermos essa batalha; pra começarmos, precisamos apenas de “cinco pães e dois peixes”, e muito mais de um coração oferecido, rendido ao amor pelas almas e corpos famintos por dignidade, igualdade e sobrevivência. Essa é nossa principal responsabilidade.

Rev. Pevidor

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