sexta-feira, 18 de abril de 2008

APOCALIPSE: OS SETE SELOS - Caps. 5-7


Os selos e os Selados Glorificados

1. A VISÃO DO LIVRO (5)

O capítulo 5 começa falando de um “livro” selado com sete selos, que está nas mãos de Deus (v.1). Que livro é esse? É o livro que contém o domínio de Deus sobre todas as coisas, bem como a definição da libertação do seu povo e a punição daqueles que se voltam contra a igreja e seu Senhor. Portanto, tudo o que acontece no Apocalipse é a revelação do conteúdo do livro.

Os “sete selos” que mantém o livro fechado (possivelmente um pergaminho ou papiro) e que são abertos no capítulo 6 e 8 não fazem parte do conteúdo do livro, mas formam uma preliminar à abertura do mesmo.

João chora muito porque ninguém pode abrir o livro e, sendo assim, não há nenhuma certeza quanto ao futuro (v.4). Porém um dos anciãos apresenta Jesus no v.5 como “leão da tribo de Judá” (Gn 49,9-10 que fala do reinado provindo da tribo de Judá) e “raiz de Davi” (Is 11,1 indicando que o Messias viria da família de Davi). Essas duas descrições mostram Jesus em seu caráter real e vencedor. Por outro lado, no v.6 Ele é apresentado como “Cordeiro como tinha sido morto”, que demonstra o caráter sacrificial da obra de Jesus. Esse aspecto é enfatizado nos dois cânticos que citam a morte de dEle (v.9 e 12). Há aqui, possivelmente, a apresentação de Jesus como aquele que vence através da morte como modelo para os crentes (2,10).

Finalmente, Jesus toma o livro (v.8) e no capítulo 6 ele começa a abrir os selos. É importante notarmos aqui que a visão do trono de Deus e de Jesus representa o passado, o momento da exaltação de Jesus à direita de Deus através da ressurreição e a posse de seu domínio sobre todo o universo.

O objetivo da visão nos capítulos 4 e 5 é fornecer confiança e força para os crentes diante dos problemas que virão. Eles, por serem cristãos, não estariam livres de pagar o preço pela sua fé. Mas era importante saber que, no final de tudo, Deus estava controlando a situação e que Jesus traria o consolo a eles e a punição aos seus perseguidores.

2. ABERTURA DOS SETE SELOS (6 e 7)

Como dissemos acima, os selos não apresentam o conteúdo do livro, mas são antecipações a ele. Os quatro primeiros selos devem ser vistos formando um bloco pela unidade da estrutura que gira em torno dos cavaleiros, enquanto o quinto fala especificamente da igreja, o sexto sobre a segunda vinda, e o sétimo vem somente no capítulo 8.

O primeiro cavaleiro (6,2), que leva um “arco” representa soldados “partos” que eram os únicos arqueiros montados na época. A Pártia era um reino situado a leste da Palestina e que significava constante fonte de ameaça ao domínio romano no oriente. Aqui este cavaleiro simboliza guerras e conquistas que ameaçavam o império romano.

O segundo cavaleiro (v.3-4) simboliza o conflito e a guerra entre os povos em geral.

O terceiro cavaleiro (v.5-6) traz a imagem da escassez. “Uma medida de trigo” era o consumo de uma pessoa durante um dia. “Um denário” era o salário de um dia de trabalho. Portanto, mostra-se aqui que os tempos são difíceis, visto que gasta-se todo o dinheiro para a alimentação de uma única pessoa. A cevada, mais barata, era o alimento dos pobres. Somente com ela poderia-se alimentar a família. A questão aqui é a crise econômica.

O quarto cavaleiro (v. 7-8) parece sintetizar o segundo e o terceiro. Ele traz a morte pela “espada” que pode ser referência à guerra, mas também a todo o tipo de morte violenta, p.ex. assassinato. A morte pela “fome” é uma derivação mais intensa da escassez do v.6.

O quinto selo (v.9-11) apresenta os cristãos que têm sido mortos. Eles estão diante de Deus (v.9). O Apocalipse até aqui fez menção apenas a uma morte (2,13) e à possibilidade de se morrer (2,10). Possivelmente João vê as coisas de modo presente e também futuro, ou seja, estaria vendo aqueles que “seriam” mortos. Eles pedem vingança a Deus, mas não especificam seus assassinos. Isso será mostrado mais adiante no livro.

O sexto selo (v.12-17) expressa a segunda vinda de Jesus. Pode-se notar através dos sinais no v. 12 e pela referência ao “dia da ira” (v.17), termo vétero-testamentário que significa o dia da vinda de Deus para julgamento.

Mas, qual o sentido desses selos? Eles simbolizam a presença do mal, pecado e sofrimento no mundo, durante todas as épocas, atingindo todas as pessoas, sejam cristãs ou não. Isso pode ser visto através da comparação com Mt 24. O segundo, terceiro e quarto selos estariam relacionados com Mt 24,6-8; o quinto selo com Mt 24,9-13; e o sexto selo com Mt 24,29-31. É importante frisar que Mt 24 não apresenta “sinais” antecipatórios para a vinda de Jesus, pelo contrário, seu objetivo é mostrar que tais acontecimentos não representam o fim (24,6b e 8). O mesmo se dá com os selos do Apocalipse. Eles mostram que os cristãos estão sujeitos a sofrimentos dentro do mundo como qualquer ser humano e que tais tribulações não evidenciam a chegada do juízo de Deus ao mundo, elas não são o “conteúdo” do livro, são apenas um dado preliminar.

Nesse contexto tornam-se muito importantes as visões dos capítulos 4 e 5. Se os cristãos devem passar por sofrimentos, é necessário que saibam que, apesar dessas lutas, Jesus está dirigindo os destinos do mundo e dará forças a eles para vencer.

Antes que o sétimo selo seja aberto, temos o capítulo 7. Ele expressa um interlúdio para a abertura do último selo. Isso fornece um caráter dramático ao texto. Deve-se esperar mais um pouco para que o sétimo selo seja aberto e, finalmente, possa-se conhecer o conteúdo do livro.

O capítulo 7 não segue uma ordem cronológica com o capítulo 6, como se, depois da segunda vinda de Jesus, acontecessem os fatos descritos nele. Pelo contrário, fala-se para que não se danifique o planeta até que os servos de Deus sejam selados (v.3). É impossível falar em dano sobre a terra após a segunda vinda de Cristo!

Temos, no capítulo 7, duas cenas: uma na terra (v.1-8), e outra no céu (v.9-17). Na primeira, temos os cristãos sendo selados (v.3), o que significa que eles recebem a marca de Deus, são possessão dEle. Isso lhes dá garantia de que Deus os guardará durante os períodos de sofrimento. O número de “cento e quarenta e quatro mil de todas as tribos de Israel” (v.4) significa, por um lado, um recenseamento que Deus faz, mostrando que conhece exatamente quantos são os seus. Por outro lado, o número indica que são doze mil de cada uma das 12 tribos. Isso é simbólico, e quer mostrar a totalidade do povo de Deus. Não falta ninguém! Esse Israel é o “Israel espiritual” (Gl 6,16; Tg 1,1), a Igreja. Mesmo que ela sofra, Deus a guarda.

Na segunda cena (v.9-17), temos a igreja no céu. Os crentes estão “diante do trono e do Cordeiro” (v.9). São, especialmente, aqueles que têm morrido por seu testemunho (v.14 com 6,9). Para eles é apresentado o término do sofrimento como acontecerá na segunda vinda (v.16-17 com 21,4). Esta imagem é importante para as igrejas da Ásia Menor, onde alguns haviam morrido e outros estariam para morrer, demonstrando o seu destino e sua bem-aventurança ao lado do Senhor.

CONCLUSÃO

Deus está no controle de todas as coisas! Jesus tem o domínio sobre a história. Mesmo que passemos por tribulações, o Senhor nos conhece um a um. Isso deve fazer diferença para nós!

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