No estudo anterior (capítulos 17 a 19) vimos como o Senhor Jesus venceu três de seus inimigos: Roma, a besta (império romano) e o falso profeta (máquina estatal romana a serviço da divinização do imperador). Hoje vemos sua vitória sobre o último e maior adversário: o dragão (diabo). Ele é o último a ser vencido por ser o mais importante e por que estava por trás dos outros motivando-os para que perseguissem a Igreja. Portanto, após sua derrota João poderá falar da igreja vitoriosa vivendo com seu Deus e seu Senhor (capítulos 21 e 22).
Neste bloco temos pela última vez o aparecimento do paralelismo progressivo, isto é, o modo pelo qual o Apocalipse conta a história começando com o passado e caminhando até o futuro. Constatamos isso através do “aprisionamento de Satanás” (20,2) que se deu na encarnação, morte e ressurreição de Jesus (Lc 11,20-22), referindo-se, portanto, ao passado; por intermédio da apresentação dos cristãos que se “opuseram a besta” (20,4), que diz respeito ao presente; e na descrição do “juízo final” (20,11-15), que manifesta o futuro. Vemos, novamente, a apresentação da história da humanidade desde a primeira até a segunda vinda de Jesus Cristo.
Podemos, de modo geral, dividir estes capítulos em dois grandes blocos:
· Vitória sobre o último inimigo, o dragão (diabo) e juízo final - cp. 20.
· Vida da igreja com seu Senhor na Nova Jerusalém - cp. 21-22,5.
1. VITÓRIA SOBRE O ÚLTIMO INIMIGO - O DRAGÃO (SATANÁS) E JUÍZO FINAL - cp. 20.
Este capítulo tem como centro a vitória sobre o diabo e sua prisão por “mil anos”. Estes mil anos, conhecidos como “milênio”, tem despertado muitas interpretações no decorrer da história. O objetivo aqui não é fazer uma avaliação delas, mas propor uma análise do texto que seja coerente com o resto do livro.
O milênio pode ser visto a partir de duas ênfases diferentes no texto: numa perspectiva “terrena” (vs. 1-3), relacionada com a prisão de Satanás, e numa abordagem “celestial” (vs.4-6), enfocando a presença dos cristãos mortos no céu juntamente com Cristo.
O diabo é “preso” por mil anos. Como dissemos acima, isso se relaciona com a vitória de Jesus sobre ele (Ver Lc 11,20-22; Jo 12,31; 16,11; 1Jo 3,8b). Esta mensagem já foi apresentada no capítulo 12,7-12. Esta prisão significa que ele não tem mais poder para “enganar as nações” (v.3). Antes da manifestação de Jesus Cristo, o diabo exercia domínio (não absoluto, é claro) sobre os povos, guiando-os para a distância de Deus. Mas com a presença de Jesus e posteriormente da Igreja, os homens começam a ser arrancados do reino do diabo e transportados para o reino de Jesus (Cl 1,13). Agora as trevas não podem mais se opor à luz (Jo 1,5). Através da pregação do evangelho os homens são chamados à salvação.
O período de “mil anos” durante o qual o diabo está preso deve ser entendido simbolicamente, do mesmo modo como foram entendidos os “quarenta e dois meses” (11,2), os “mil duzentos e sessenta dias” (11,3; 12,6), o “um tempo, tempos e metade de um tempo” (12,14), e “uma hora” (17,12). Este período representa um tempo que se estenderá “da encarnação até um pouco antes da segunda vinda de Cristo”. Logo após os mil anos o diabo “será solto por pouco tempo” (v.3).
Dentro de uma perspectiva “celeste”, os mil anos relacionam-se com o destino daqueles que tem sido mortos em nome de Jesus (v. 4-6). Eles são descritos como “sentados em tronos para julgar” (v. 4). Esta visão é conhecida do resto do Novo Testamento (Ver Mt 19,28; Lc 22,30; 1Co 6,2). Eles “reinam” (v.4) e são “sacerdotes” (v.6) junto a Cristo. Isto já foi dito daqueles que crêem em Jesus (1,6; 3,21; 5,10). Se anteriormente eles foram apresentados “sofrendo”em nome de Jesus, agora eles são vistos “reinando” com Ele. Isso era muito importante para as comunidades para quem João escrevia. Mesmo que para o mundo os cristãos fossem perdedores, na realidade eles eram vencedores. Estavam na presença de seu Senhor reinando juntamente com Ele.
A “primeira ressurreição” da qual falam os versículos 5 e 6 é o modo pelo qual João vê a morte dos servos de Deus. Para ele, quando um cristão morre, ele experimenta a “primeira ressurreição”. Ele vai para junto de Jesus Cristo. Vive como ressuscitado, com a única diferença de que ele ainda não está de posse de seu corpo (o que se dará na ressurreição geral dos mortos na segunda vinda de Jesus). É o que marcará a diferença entre essa primeira ressurreição, e a ressurreição geral de todos os mortos. É por isso que João pode dizer que quem experimenta a primeira ressurreição não sofre a “segunda morte”, ou seja, a morte eterna. Nesse sentido, pode parecer estranho que o escritor diga que “os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos”. Mas a questão aqui é que João não está preocupado com a morte dos ímpios. Para ele, basta saber que na ressurreição geral, que se seguirá após os mil anos, eles serão julgados (20,12-15). Não lhe interessa o “estado intermediário” da alma dessas pessoas. O importante é dizer que os “crentes”, aqueles que foram “fiéis” a Jesus Cristo já estão em Sua presença.
Nos versículos 7 a 10 é descrita a vitória sobre o diabo. Após os mil anos, o diabo é solto (v.7) por “um pouco de tempo” (v.3b). Será um período curto de tempo no qual ele fará uma oposição feroz a Deus. Paulo já falou dessa manifestação satânica dos últimos tempos (2Tss 2,1-4; 7-12). Essa oposição é descrita no Apocalipse como uma sedução das nações que há “nos quatro cantos da terra” (v. 8a = todas as nações do mundo), que são chamadas de “Gogue e Magogue”. Tais nomes vêm de Ez 38,2 e, qualquer que seja o sentido que desenvolvem nesse texto, aqui eles simbolizam a reuniam de todos os povos ao lado do diabo para lutar contra Jesus Cristo. O texto não descreve a luta, dando porém o resultado: “desce fogo do céu e os consome” (v.9). Tal batalha já foi descrita como acontecendo num lugar desconhecido ou ignorado chamado “Armagedom” (16,13-16); ou como a reunião de dez reis com a besta para lutar contra o Cordeiro (17,12-14); ou mesmo como a batalha de Jesus contra a besta e os reis da terra (19,19-20). São maneiras diferentes de descrever a mesma cena. Por fim, o diabo é vencido. Ele é lançado no lago de fogo e enxofre onde estão a besta e o falso profeta (v.10). O último inimigo do Senhor Jesus e da Igreja é derrotado!
O final do capítulo (vs. 11-15) apresenta a segunda vinda de Jesus Cristo como o dia de julgamento para os homens. Esta cena é vista de outras duas perspectivas no livro: como uma ceifa (14,14-20), e como uma batalha (19,11-21). Embora não se diga quem é o juiz, deve ser o próprio Deus, que é várias vezes designado como aquele que está sentado no trono (4,2; 5,1.7.13; 6,16; 17,10.15; 19,4; 21,5). Os mortos de todos os tempos e épocas se apresentam diante do dEle (vs. 12-13). Esses, que até aqui receberam juízos “na história”, serão julgados segundo suas “obras”. Não devemos estranhar tal afirmação visto que aparece em outros lugares como Mt 25,31-46; e 2Co 5,10. Os cristãos foram criados para “boas obras” (Ef 2,10) e pelos seus “frutos” é que podem ser conhecidos (Mt 7,16-18). O destino das pessoas será decidido em função de sua postura: se foram seduzidos e seguiram a besta, serão condenados. Se foram fiéis a Jesus Cristo, e colocaram sua lealdade a Ele acima do amor a suas próprias vidas, terão seus nomes inscritos no livro da vida (vs. 12 e 15). A partir desse momento, o livro descreverá a vida dos cristãos em comunhão com Deus e Jesus Cristo (cp. 21 e 22).
CONCLUSÃO
O capítulo 20 é a conclusão das lutas e batalhas pelas quais a igreja passa neste mundo. Os cristãos mortos são vistos no céu reinando com Jesus. O diabo, em sua última oposição é derrotado. E o destino final dos homens é manifestado. A partir daí só haverá gozo (cp. 21 e 22).
Neste bloco temos pela última vez o aparecimento do paralelismo progressivo, isto é, o modo pelo qual o Apocalipse conta a história começando com o passado e caminhando até o futuro. Constatamos isso através do “aprisionamento de Satanás” (20,2) que se deu na encarnação, morte e ressurreição de Jesus (Lc 11,20-22), referindo-se, portanto, ao passado; por intermédio da apresentação dos cristãos que se “opuseram a besta” (20,4), que diz respeito ao presente; e na descrição do “juízo final” (20,11-15), que manifesta o futuro. Vemos, novamente, a apresentação da história da humanidade desde a primeira até a segunda vinda de Jesus Cristo.
Podemos, de modo geral, dividir estes capítulos em dois grandes blocos:
· Vitória sobre o último inimigo, o dragão (diabo) e juízo final - cp. 20.
· Vida da igreja com seu Senhor na Nova Jerusalém - cp. 21-22,5.
1. VITÓRIA SOBRE O ÚLTIMO INIMIGO - O DRAGÃO (SATANÁS) E JUÍZO FINAL - cp. 20.
Este capítulo tem como centro a vitória sobre o diabo e sua prisão por “mil anos”. Estes mil anos, conhecidos como “milênio”, tem despertado muitas interpretações no decorrer da história. O objetivo aqui não é fazer uma avaliação delas, mas propor uma análise do texto que seja coerente com o resto do livro.
O milênio pode ser visto a partir de duas ênfases diferentes no texto: numa perspectiva “terrena” (vs. 1-3), relacionada com a prisão de Satanás, e numa abordagem “celestial” (vs.4-6), enfocando a presença dos cristãos mortos no céu juntamente com Cristo.
O diabo é “preso” por mil anos. Como dissemos acima, isso se relaciona com a vitória de Jesus sobre ele (Ver Lc 11,20-22; Jo 12,31; 16,11; 1Jo 3,8b). Esta mensagem já foi apresentada no capítulo 12,7-12. Esta prisão significa que ele não tem mais poder para “enganar as nações” (v.3). Antes da manifestação de Jesus Cristo, o diabo exercia domínio (não absoluto, é claro) sobre os povos, guiando-os para a distância de Deus. Mas com a presença de Jesus e posteriormente da Igreja, os homens começam a ser arrancados do reino do diabo e transportados para o reino de Jesus (Cl 1,13). Agora as trevas não podem mais se opor à luz (Jo 1,5). Através da pregação do evangelho os homens são chamados à salvação.
O período de “mil anos” durante o qual o diabo está preso deve ser entendido simbolicamente, do mesmo modo como foram entendidos os “quarenta e dois meses” (11,2), os “mil duzentos e sessenta dias” (11,3; 12,6), o “um tempo, tempos e metade de um tempo” (12,14), e “uma hora” (17,12). Este período representa um tempo que se estenderá “da encarnação até um pouco antes da segunda vinda de Cristo”. Logo após os mil anos o diabo “será solto por pouco tempo” (v.3).
Dentro de uma perspectiva “celeste”, os mil anos relacionam-se com o destino daqueles que tem sido mortos em nome de Jesus (v. 4-6). Eles são descritos como “sentados em tronos para julgar” (v. 4). Esta visão é conhecida do resto do Novo Testamento (Ver Mt 19,28; Lc 22,30; 1Co 6,2). Eles “reinam” (v.4) e são “sacerdotes” (v.6) junto a Cristo. Isto já foi dito daqueles que crêem em Jesus (1,6; 3,21; 5,10). Se anteriormente eles foram apresentados “sofrendo”em nome de Jesus, agora eles são vistos “reinando” com Ele. Isso era muito importante para as comunidades para quem João escrevia. Mesmo que para o mundo os cristãos fossem perdedores, na realidade eles eram vencedores. Estavam na presença de seu Senhor reinando juntamente com Ele.
A “primeira ressurreição” da qual falam os versículos 5 e 6 é o modo pelo qual João vê a morte dos servos de Deus. Para ele, quando um cristão morre, ele experimenta a “primeira ressurreição”. Ele vai para junto de Jesus Cristo. Vive como ressuscitado, com a única diferença de que ele ainda não está de posse de seu corpo (o que se dará na ressurreição geral dos mortos na segunda vinda de Jesus). É o que marcará a diferença entre essa primeira ressurreição, e a ressurreição geral de todos os mortos. É por isso que João pode dizer que quem experimenta a primeira ressurreição não sofre a “segunda morte”, ou seja, a morte eterna. Nesse sentido, pode parecer estranho que o escritor diga que “os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos”. Mas a questão aqui é que João não está preocupado com a morte dos ímpios. Para ele, basta saber que na ressurreição geral, que se seguirá após os mil anos, eles serão julgados (20,12-15). Não lhe interessa o “estado intermediário” da alma dessas pessoas. O importante é dizer que os “crentes”, aqueles que foram “fiéis” a Jesus Cristo já estão em Sua presença.
Nos versículos 7 a 10 é descrita a vitória sobre o diabo. Após os mil anos, o diabo é solto (v.7) por “um pouco de tempo” (v.3b). Será um período curto de tempo no qual ele fará uma oposição feroz a Deus. Paulo já falou dessa manifestação satânica dos últimos tempos (2Tss 2,1-4; 7-12). Essa oposição é descrita no Apocalipse como uma sedução das nações que há “nos quatro cantos da terra” (v. 8a = todas as nações do mundo), que são chamadas de “Gogue e Magogue”. Tais nomes vêm de Ez 38,2 e, qualquer que seja o sentido que desenvolvem nesse texto, aqui eles simbolizam a reuniam de todos os povos ao lado do diabo para lutar contra Jesus Cristo. O texto não descreve a luta, dando porém o resultado: “desce fogo do céu e os consome” (v.9). Tal batalha já foi descrita como acontecendo num lugar desconhecido ou ignorado chamado “Armagedom” (16,13-16); ou como a reunião de dez reis com a besta para lutar contra o Cordeiro (17,12-14); ou mesmo como a batalha de Jesus contra a besta e os reis da terra (19,19-20). São maneiras diferentes de descrever a mesma cena. Por fim, o diabo é vencido. Ele é lançado no lago de fogo e enxofre onde estão a besta e o falso profeta (v.10). O último inimigo do Senhor Jesus e da Igreja é derrotado!
O final do capítulo (vs. 11-15) apresenta a segunda vinda de Jesus Cristo como o dia de julgamento para os homens. Esta cena é vista de outras duas perspectivas no livro: como uma ceifa (14,14-20), e como uma batalha (19,11-21). Embora não se diga quem é o juiz, deve ser o próprio Deus, que é várias vezes designado como aquele que está sentado no trono (4,2; 5,1.7.13; 6,16; 17,10.15; 19,4; 21,5). Os mortos de todos os tempos e épocas se apresentam diante do dEle (vs. 12-13). Esses, que até aqui receberam juízos “na história”, serão julgados segundo suas “obras”. Não devemos estranhar tal afirmação visto que aparece em outros lugares como Mt 25,31-46; e 2Co 5,10. Os cristãos foram criados para “boas obras” (Ef 2,10) e pelos seus “frutos” é que podem ser conhecidos (Mt 7,16-18). O destino das pessoas será decidido em função de sua postura: se foram seduzidos e seguiram a besta, serão condenados. Se foram fiéis a Jesus Cristo, e colocaram sua lealdade a Ele acima do amor a suas próprias vidas, terão seus nomes inscritos no livro da vida (vs. 12 e 15). A partir desse momento, o livro descreverá a vida dos cristãos em comunhão com Deus e Jesus Cristo (cp. 21 e 22).
CONCLUSÃO
O capítulo 20 é a conclusão das lutas e batalhas pelas quais a igreja passa neste mundo. Os cristãos mortos são vistos no céu reinando com Jesus. O diabo, em sua última oposição é derrotado. E o destino final dos homens é manifestado. A partir daí só haverá gozo (cp. 21 e 22).
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