segunda-feira, 28 de abril de 2008

PG - OLHANDO PARA JESUS


João 5.1-11

Muitos de nós simplesmente queremos que Deus supra as nossas necessidades e resolva os nossos problemas. Em outras palavras queremos um Deus que nos faça bem, um Deus que conserte aquilo que nós achamos que esteja errado em nossa vida.

O evangelho fala de um paralítico que estava à beira do tanque chamado Betesda. (João 5. 1-11.). O que pensava aquele homem? O tanque é a minha resposta. Ele queria que Jesus o ajudasse a entrar no tanque. O plano é meu, eu só preciso da ajuda de Jesus.

Aquele tanque era usado para purificar as ovelhas. Antes que elas estivessem subindo para o templo e ali serem sacrificadas elas precisavam ser limpas. Esta parte de que haviam anjos que agitavam as águas ainda é contestado. Era mais uma superstição que existia naquela época. A Bíblia não fala que as águas que os anjos supostamente agitavam curavam, fala que muitos que estavam em volta daquele tanque criam assim. Jesus não confirmou este fato, antes ele se apresenta como aquele que tem o poder de curar.

Aquele homem estava ali por muito tempo, trinta e oito anos é uma vida. Ele se apresenta a Jesus como aquele que está ali naquele estado de provação por causa dos outros que não lhe ajudam. Não tem ninguém que me ponha na água!

Há pessoas que em vez de buscar pura e simplesmente procuram uma justificativa para explicar o seu fracasso acusando os outros pela sua situação. Muitas das nossas justificativas são tentativas de justificar a nossa incompetência. Eu estou doente, eu estou fraco espiritualmente, mas veja bem, não é minha culpa. A miséria adora a companhia de pessoas fracassadas e dispostas a se entregarem à derrota. Um abismo chama outro abismo (Salmo 42.7).

Este homem tinha uma mentalidade de vítima. Ficava parando esperando que alguém fizesse por ele aquilo que ele mais desejava na vida. Isso nos dá uma lição: se você tem sonhos, não espere que outros lutem por ele; não invente desculpas para suas consecutivas derrotas. Os grandes vencedores foram aquelas pessoas que não pararam diante de uma derrota ou uma barreira, mas deram várias vezes a volta por cima, e venceram. Uma pessoa sarada não fica usando esta palavra de auto-comiseração.

A pergunta de Jesus é direta e objetiva: "Queres ser curado?" O objetivo desta pergunta era despertar a vontade daquele homem. Os mortos não precisam exercitar a vontade, os doentes sim. A cura virá para quem está desejoso de ser curado.

O que fica bem claro no episódio era de que os planos daquele homem não eram os planos de Jesus. Jesus não vai seguir os nossos planos. O tratamento de Deus exige que você tome uma nova postura e mude o seu estilo de vida. Procure pensar da maneira que Deus pensa. Saia do círculo vicioso do "coitadinho de mim", "ninguém me ama", ou "eu sou assim mesmo, tá vendo? etc, etc, etc."

Temos que parar de transferir responsabilidades para os outros daquilo que nos pertence. Sou eu que precisa mudar de atitude. Sou eu que precisa tirar os olhos do tanque e colocar os olhos em Jesus. Sou eu quem desejo receber a bênção, então creia, comece a agir, e busque caminhar na vontade de Deus.

Deus abençoe você e sua família.

Pr Alexandre Pevidor

segunda-feira, 21 de abril de 2008

APOCALIPSE: A NOVA JERUSALÉM - Capítulos 20 a 22,5


Neste estudo intitulamos Vida da Igreja com seu Senhor na Nova Jerusalém, abordaremos o capítulo 21:1 até 22:5. Vimos anteriormente a derrota do diabo e o juízo final (capítulo 20). Agora veremos o povo de Deus em Sua presença na eternidade gozando da recompensa da fidelidade à Ele.

VIDA DA IGREJA COM SEU SENHOR NA NOVA JERUSALÉM - cp. 21:1-22:5
Este texto pode ser dividido em duas partes, onde cada uma delas começa fazendo referência à “cidade Santa, a nova Jerusalém, que desce do céu” (vs. 2 e 10) e à “noiva” (vs. 2 e 9):
· Visão Geral sobre a Nova Era inaugurada por Cristo - 21:1-8.
· Descrição da Nova Jerusalém - 21:9-22:5.

1. Visão Geral sobre a Nova Era inaugurada por Cristo - 21:1-8

Esta Nova Era é apresenta em três aspectos.

a. O que estará ou não estará presente - vs.1-4. O que estará presente é apresentado por João através da palavra “vi” (v.1a e 2). O que deixará de existir é indicado pela frase: “já não existe” (v.1b e 4).
· Haverá um novo céu e nova terra - v. 1. Céu e terra é uma expressão que indica a totalidade da criação formando agora um novo meio-ambiente em que haverá harmonia (ver essa idéia em Is 11,6-10). Como o ser humano, a natureza será resgatada do poder do pecado (Rm 8,20-22). A colocação de João quer nos mostrar que não habitaremos num lugar “desconhecido”, mas nesta mesma terra que Deus criou para o nosso regozijo. Todas as coisas belas da criação, que hoje são afetadas pelo pecado, estarão redimidas e com toda a sua beleza e esplendor e desfrutaremos delas como Adão e Eva no princípio.
· Não haverá mais o mar - v.1. Sinônimo do caos e de oposição a Deus, as águas no Apocalipse representam os povos que estão sob o domínio de Roma (17,15). Por isso a besta (império romano) é vista emergindo do mar, indicando com isso que ela é colocada em evidência como a líder dos povos (cp. 13,1). Diante disso, devemos ver a não existência do mar, não como a negação de sua realidade física. O texto não quer dizer que os mares que existem na terra deixarão de existir na Nova Criação, pois eles, como o resto da obra de Deus, serão redimidos e existirão para o gozo e benefício dos salvos em Cristo. Mas o que se pretende aqui é usar o “símbolo” do mar para indicar que aquilo para o que ele aponta, a oposição a Deus, não estará presente nesta nova realidade de harmonia total. Portanto, não são os “mares” que não existirão, mas sim aquilo que eles simbolizam, o poder do império romano que perseguiu a igreja. Esse sim não existirá.
· Haverá a nova Jerusalém que desce do céu - v.2-3. Ela está vestida como “noiva”. Esta indicação é importante, pois em 19,7-8 é a “Igreja”que se apresenta como noiva, e em 22,17 é ela, a Igreja, que diz: “Vem”, para seu noivo, Jesus Cristo. Podemos inferir, portanto, que a Nova Jerusalém, vista como “noiva” é uma figura que refere-se à Igreja, a noiva do Cordeiro. Este modo de interpretar também está de acordo com o v.3 onde fala-se novamente da Nova Jerusalém, agora como o “Tabernáculo” de Deus com os homens. Nesse versículo não se diz que Deus habitará “na Nova Jerusalém” com os homens, mas apenas que “Deus habitará com eles”. Portanto, a Nova Jerusalém é a própria Igreja, o Povo de Deus com o qual Ele habitará.
· Não haverá mais sofrimento - v.4. As lágrimas e o pranto, bem como a morte e o luto decorrente dela, que foram trazidos aos cristãos pela perseguição, e que, no decorrer dos tempos têm vindo sobre aqueles que são fiéis a Jesus Cristo, “não existirão”. Eles fazem parte das “primeiras coisas” que já passaram. Representam o mundo sob o pecado e suas conseqüências que foi vencido e não se manifesta mais.

b. O responsável pelo surgimento da Nova Criação - v.5-6. Depois de descrever como será esse novo mundo onde os salvos em Cristo habitarão, João apresenta o responsável por tudo isso. É o que “está assentado no trono”. No Apocalipse, é sempre Deus que está assentado ali (ver, por exemplo, 4,2-3). Ele é o “alfa e o ômega”, o “princípio e o fim”. Isso quer dizer que tudo o que aconteceu, tem acontecido e acontecerá, desde o começo até o fim, está sob as mãos poderosas de Deus. Na realidade, tudo o que é descrito no Apocalipse, mesmo quando traz sofrimento e as vezes falta de compreensão aos cristãos, faz parte do “livro que está nas mãos de Jesus Cristo” (5,7), e que foi aberto por Ele em sua exaltação. O seu conteúdo revela o domínio de Deus sobre a história. É por isso que o final do livro apresenta a vitória final da Igreja. Ela é cuidada e dirigida por Deus até o final.

c. Quem participa e quem não participa na Nova Era - 7-8.
Os que gozarão da comunhão eterna com Deus são descritos como “vencedores” (ver 2,7.11.17.26; 3,5.12.21). Eles são os que não assimilaram os valores de Roma e, quando necessário, pagaram o preço da fidelidade com a própria vida. Os que não participam são descritos no v.8. É uma descrição genérica, que inclui todos os homens que tiveram esse tipo de comportamento. Porém é importante observar que alguns “cristãos” podem estar presentes nessa lista. É significativo que ela comece com os “covardes”. Poderia ser uma referência aos cristãos que não tiveram coragem de assumir sua fé até os últimos limites. Os “incrédulos” podem também indicar não apenas os que não crêem em Deus, mas também aqueles que não creram nas palavras de João, o escritor do livro, achando-o muito radical em sua postura. Portanto, essa advertência é para todos os homens, mas também para os cristãos “nominais”.

2. Descrição da Nova Jerusalém - 21,9-22,5

Estes versículos desenvolvem o tema da Nova Jerusalém apresentado em 21,2-3. A descrição começa no v. 12. Devemos lembrar que já consideramos a Nova Jerusalém como uma figura para a Igreja. Tal posição pode parecer estranha ou pouco comum, mas creio que ela se enquadra no estilo literário de João. Ele usa comumente figuras e imagens simbólicas. A “Babilônia” simboliza Roma (17,9a) que por sua vez simboliza o centro do poder imperial. O “Dragão” simboliza Satanás (12,9), os “sete espíritos” (1,4) representam o Espírito Santo, “mil anos” simbolizam o período entre a encarnação, morte e ressurreição de Jesus Cristo e um tempo imediatamente anterior à sua segunda vida, e assim por diante. Se a simbologia é tão comum no livro, por que justamente agora deveríamos tomar a descrição da Nova Jerusalém como algo literal e concreto? Portanto, creio que nossa interpretação está coerente com o resto do livro. Sendo assim, devemos tomar por certo que, onde o escritor fala da cidade, ele está usando uma linguagem simbólica para falar do povo de Deus, da Igreja, de nós mesmos.

a. É protegida - v.12. Essa proteção é indicada pela referência à “muralha alta” (Ver Is 26,1). Na antigüidade era inconcebível uma cidade que não estivesse protegida contra seus inimigos através de uma muralha inexpugnável. Essa idéia é usada aqui para dar certeza aos que estarão na presença do Pai de que nenhum mal os ameaçará. O tempo das ameaças e perigos já terminou.

b. Tem nos apóstolos seu fundamento - v.14. Esta afirmação era básica para todos os outros escritos do Novo Testamento. A Igreja foi constituída sobre o ensino, o fundamento dos apóstolos (ver Ef 2,20). Assim, só participa do povo de Deus aqueles que seguiram os ensinos dos apóstolos, que por sua vez eram os ensinos de Jesus Cristo. Os que seguiram ensinamentos estranhos (2,14-15. 20-23) correm o risco de ficarem destituídos da vida na Nova Era.

c. Tem a presença intensa de Deus - v.16. A cidade é um “cubo”. Tem comprimento, largura e altura iguais. Isso lembra 1Rs 6,20 que fala do “santo dos santos” como um cubo. A idéia desse texto vétero-testamentário estaria presente no texto de João. Se antes Deus se manifestava somente no Santo dos Santos e apenas para o sumo-sacerdote, agora, na Nova Jerusalém, Ele se manifesta em toda a cidade (ver 21,3), isto é, a todas as pessoas de modo glorioso.

d. É preciosa - v. 18-21. Lembremos novamente que a idéia da cidade aponta para a realidade do “povo de Deus”. Portanto, todas as pedras preciosas alistadas ali, bem como “a cidade de ouro puro” (v. 18) não são realidades concretas, mas símbolos para falar da Igreja. Talvez alguns de nós fiquemos tristes ao saber que “não andaremos em ruas de ouro” na Nova Jerusalém, mas eu pergunto: o que é mais importante, andar em ruas de ouro (que não têm valor monetário nenhum na nova vida), ou ser, você mesmo, comparado com o ouro, e com pedras preciosas? Para Deus seu povo é tão precioso como o ouro ou as pedras mais belas e preciosas que existem. Será que pensamos assim de nós mesmos e dos outros irmãos?

e. Deus será pleno nela -v. 22-23. Na Nova Era não existirá Templo (v. 22), lugar de culto e adoração a Deus, pois Ele será cultuado em todo lugar. Não haverá sol nem lua (v.23; 22,5) - Deus será a luz que guiará os seus em todo o tempo (ver Sl 27,1a).

f. Tem vida abundante - 22,1-2. Essa idéia é evidenciada pela repetição da palavra “vida”. Existirá a “água da vida” (ver Jo 7,38-39), e a “árvore da vida” (ver Gn 2,9). Se essas imagens serão literais ou não, não se sabe. O importante é o sentido delas. Mostram que a vida não será inerente ao homem, mas será dada por Deus. Temos novamente a idéia da Nova Criação como em 21,1a e agora de modo mais claro seguindo os moldes do paraíso (v. 2. Compare com Gn 2,9). Isso reforça o que dissemos lá. Não moraremos num lugar estranho, cercado de nuvens e sem fazer nada o tempo todo. Com a imagem da Nova Criação apresentada como o retorno do paraíso, nos é dito que voltaremos à vida como Adão e Eva tinham antes do pecado. Pense nisso. Poderemos gozar de toda a criação de Deus, passeando pelas matas, vales e montanhas, tomando banho de mar e tendo Deus a todo instante e em todo o lugar em nossa companhia. Pensar na eternidade assim significa encher o “céu” de vida. Devemos ter vontade de estar com Deus na eternidade, porque lá haverá uma continuidade de nossa vida, em nosso mundo, agora totalmente redimidos, para o nosso prazer.

CONCLUSÃO

Depois de tanta luta e sofrimento descritos no Apocalipse, João traz-nos uma imagem da Nova Era, o Novo Mundo que, por sua beleza, torna-se difícil de descrever. Os santos fiéis a Cristo que já morreram fizeram por merecê-la. Não que tenham sido salvos por suas “obras”, mas por que elas evidenciam sua fidelidade e amor a Jesus. Ao invés de morarem na Nova Jerusalém eles mesmos, e nós também, “seremos a cidade santa de Deus”. E o Novo Mundo não será novo no sentido de algo estranho, ou desconhecido, mas será este mesmo velho e maravilhoso mundo onde moramos, mas renovado e redimido, como nós, onde habitaremos em perfeita harmonia e comunhão para sempre. Aleluia!

APOCALIPSE: O APRISIONAMENTO DO DRAGÃO (SATANÁS) E A VITÓRIA DA IGREJA - Capítulos 20 a 22,5


No estudo anterior (capítulos 17 a 19) vimos como o Senhor Jesus venceu três de seus inimigos: Roma, a besta (império romano) e o falso profeta (máquina estatal romana a serviço da divinização do imperador). Hoje vemos sua vitória sobre o último e maior adversário: o dragão (diabo). Ele é o último a ser vencido por ser o mais importante e por que estava por trás dos outros motivando-os para que perseguissem a Igreja. Portanto, após sua derrota João poderá falar da igreja vitoriosa vivendo com seu Deus e seu Senhor (capítulos 21 e 22).

Neste bloco temos pela última vez o aparecimento do paralelismo progressivo, isto é, o modo pelo qual o Apocalipse conta a história começando com o passado e caminhando até o futuro. Constatamos isso através do “aprisionamento de Satanás” (20,2) que se deu na encarnação, morte e ressurreição de Jesus (Lc 11,20-22), referindo-se, portanto, ao passado; por intermédio da apresentação dos cristãos que se “opuseram a besta” (20,4), que diz respeito ao presente; e na descrição do “juízo final” (20,11-15), que manifesta o futuro. Vemos, novamente, a apresentação da história da humanidade desde a primeira até a segunda vinda de Jesus Cristo.

Podemos, de modo geral, dividir estes capítulos em dois grandes blocos:
· Vitória sobre o último inimigo, o dragão (diabo) e juízo final - cp. 20.
· Vida da igreja com seu Senhor na Nova Jerusalém - cp. 21-22,5.

1. VITÓRIA SOBRE O ÚLTIMO INIMIGO - O DRAGÃO (SATANÁS) E JUÍZO FINAL - cp. 20.

Este capítulo tem como centro a vitória sobre o diabo e sua prisão por “mil anos”. Estes mil anos, conhecidos como “milênio”, tem despertado muitas interpretações no decorrer da história. O objetivo aqui não é fazer uma avaliação delas, mas propor uma análise do texto que seja coerente com o resto do livro.

O milênio pode ser visto a partir de duas ênfases diferentes no texto: numa perspectiva “terrena” (vs. 1-3), relacionada com a prisão de Satanás, e numa abordagem “celestial” (vs.4-6), enfocando a presença dos cristãos mortos no céu juntamente com Cristo.

O diabo é “preso” por mil anos. Como dissemos acima, isso se relaciona com a vitória de Jesus sobre ele (Ver Lc 11,20-22; Jo 12,31; 16,11; 1Jo 3,8b). Esta mensagem já foi apresentada no capítulo 12,7-12. Esta prisão significa que ele não tem mais poder para “enganar as nações” (v.3). Antes da manifestação de Jesus Cristo, o diabo exercia domínio (não absoluto, é claro) sobre os povos, guiando-os para a distância de Deus. Mas com a presença de Jesus e posteriormente da Igreja, os homens começam a ser arrancados do reino do diabo e transportados para o reino de Jesus (Cl 1,13). Agora as trevas não podem mais se opor à luz (Jo 1,5). Através da pregação do evangelho os homens são chamados à salvação.

O período de “mil anos” durante o qual o diabo está preso deve ser entendido simbolicamente, do mesmo modo como foram entendidos os “quarenta e dois meses” (11,2), os “mil duzentos e sessenta dias” (11,3; 12,6), o “um tempo, tempos e metade de um tempo” (12,14), e “uma hora” (17,12). Este período representa um tempo que se estenderá “da encarnação até um pouco antes da segunda vinda de Cristo”. Logo após os mil anos o diabo “será solto por pouco tempo” (v.3).

Dentro de uma perspectiva “celeste”, os mil anos relacionam-se com o destino daqueles que tem sido mortos em nome de Jesus (v. 4-6). Eles são descritos como “sentados em tronos para julgar” (v. 4). Esta visão é conhecida do resto do Novo Testamento (Ver Mt 19,28; Lc 22,30; 1Co 6,2). Eles “reinam” (v.4) e são “sacerdotes” (v.6) junto a Cristo. Isto já foi dito daqueles que crêem em Jesus (1,6; 3,21; 5,10). Se anteriormente eles foram apresentados “sofrendo”em nome de Jesus, agora eles são vistos “reinando” com Ele. Isso era muito importante para as comunidades para quem João escrevia. Mesmo que para o mundo os cristãos fossem perdedores, na realidade eles eram vencedores. Estavam na presença de seu Senhor reinando juntamente com Ele.

A “primeira ressurreição” da qual falam os versículos 5 e 6 é o modo pelo qual João vê a morte dos servos de Deus. Para ele, quando um cristão morre, ele experimenta a “primeira ressurreição”. Ele vai para junto de Jesus Cristo. Vive como ressuscitado, com a única diferença de que ele ainda não está de posse de seu corpo (o que se dará na ressurreição geral dos mortos na segunda vinda de Jesus). É o que marcará a diferença entre essa primeira ressurreição, e a ressurreição geral de todos os mortos. É por isso que João pode dizer que quem experimenta a primeira ressurreição não sofre a “segunda morte”, ou seja, a morte eterna. Nesse sentido, pode parecer estranho que o escritor diga que “os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos”. Mas a questão aqui é que João não está preocupado com a morte dos ímpios. Para ele, basta saber que na ressurreição geral, que se seguirá após os mil anos, eles serão julgados (20,12-15). Não lhe interessa o “estado intermediário” da alma dessas pessoas. O importante é dizer que os “crentes”, aqueles que foram “fiéis” a Jesus Cristo já estão em Sua presença.

Nos versículos 7 a 10 é descrita a vitória sobre o diabo. Após os mil anos, o diabo é solto (v.7) por “um pouco de tempo” (v.3b). Será um período curto de tempo no qual ele fará uma oposição feroz a Deus. Paulo já falou dessa manifestação satânica dos últimos tempos (2Tss 2,1-4; 7-12). Essa oposição é descrita no Apocalipse como uma sedução das nações que há “nos quatro cantos da terra” (v. 8a = todas as nações do mundo), que são chamadas de “Gogue e Magogue”. Tais nomes vêm de Ez 38,2 e, qualquer que seja o sentido que desenvolvem nesse texto, aqui eles simbolizam a reuniam de todos os povos ao lado do diabo para lutar contra Jesus Cristo. O texto não descreve a luta, dando porém o resultado: “desce fogo do céu e os consome” (v.9). Tal batalha já foi descrita como acontecendo num lugar desconhecido ou ignorado chamado “Armagedom” (16,13-16); ou como a reunião de dez reis com a besta para lutar contra o Cordeiro (17,12-14); ou mesmo como a batalha de Jesus contra a besta e os reis da terra (19,19-20). São maneiras diferentes de descrever a mesma cena. Por fim, o diabo é vencido. Ele é lançado no lago de fogo e enxofre onde estão a besta e o falso profeta (v.10). O último inimigo do Senhor Jesus e da Igreja é derrotado!

O final do capítulo (vs. 11-15) apresenta a segunda vinda de Jesus Cristo como o dia de julgamento para os homens. Esta cena é vista de outras duas perspectivas no livro: como uma ceifa (14,14-20), e como uma batalha (19,11-21). Embora não se diga quem é o juiz, deve ser o próprio Deus, que é várias vezes designado como aquele que está sentado no trono (4,2; 5,1.7.13; 6,16; 17,10.15; 19,4; 21,5). Os mortos de todos os tempos e épocas se apresentam diante do dEle (vs. 12-13). Esses, que até aqui receberam juízos “na história”, serão julgados segundo suas “obras”. Não devemos estranhar tal afirmação visto que aparece em outros lugares como Mt 25,31-46; e 2Co 5,10. Os cristãos foram criados para “boas obras” (Ef 2,10) e pelos seus “frutos” é que podem ser conhecidos (Mt 7,16-18). O destino das pessoas será decidido em função de sua postura: se foram seduzidos e seguiram a besta, serão condenados. Se foram fiéis a Jesus Cristo, e colocaram sua lealdade a Ele acima do amor a suas próprias vidas, terão seus nomes inscritos no livro da vida (vs. 12 e 15). A partir desse momento, o livro descreverá a vida dos cristãos em comunhão com Deus e Jesus Cristo (cp. 21 e 22).

CONCLUSÃO

O capítulo 20 é a conclusão das lutas e batalhas pelas quais a igreja passa neste mundo. Os cristãos mortos são vistos no céu reinando com Jesus. O diabo, em sua última oposição é derrotado. E o destino final dos homens é manifestado. A partir daí só haverá gozo (cp. 21 e 22).

APOCALIPSE: A DERROTA DE ROMA, DA BESTA E DO FALSO PROFETA - Capítulos 17 a 19




Estes capítulos têm a seguinte estrutura:

1. DESCRIÇÃO DE ROMA, A GRANDE MERETRIZ - cp. 17

O objetivo dessa descrição é mostrar com detalhes o por quê tal cidade é destruída. Um anjo traz tal revelação para João (17,1).
Primeiramente vem uma visão de Roma, a meretriz (vs. 3-6). Através das indicações do texto torna-se claro concluir que essa mulher é a cidade de Roma (vs.9a e v.18). Suas vestes e adornos enfatizam sua “realeza e riqueza” (v.4). Ela está “assentada sobre a besta” (v.3), que é o império romano (ver cp. 13), mostrando assim que governa-o e é o seu centro. Ela é descrita como a “mãe das meretrizes e das abominações da terra” (v.5), sendo, portanto, o centro de todo o mal que havia no mundo de então. Sua última e principal característica é “estar embriagada com o sangue dos santos” (v.6. Ver 13,7.15).

Em seguida é apresentada a interpretação da visão (v. 7-18). Primeiramente a “besta” é identificada. Ela “era e não é, está para emergir do abismo” (v.8). Para os cristãos, ele representava o poder demoníaco do império romano. O v.9a nos diz que o império (a besta), se identifica com a cidade de Roma, visto que as sete cabeças da besta são “sete montes” (referência à cidade de Roma). Mas as sete cabeças são também “sete reis” (v.9b). O v. 10 tenta apresentar mais detalhes sobre esses reis. “Cinco caíram, um existe, e o outro ainda não chegou”. O que isso significa? Para João e suas igrejas, não era importante saber quem foi o primeiro ou o quinto rei, mas sim definir, através do “número” desses reis, a figura do império. É provável que o número sete seja “simbólico”. O objetivo seria, então, dizer que através dos sete imperadores, o império estaria representando em sua totalidade a besta. Portanto, se com Domiciano as coisas estavam “começando” a tornar-se difíceis, João nos diz que virá um outro que trará tempos mais duros à igreja. Essa perspectiva contribui para pensarmos que a perseguição ainda estava por vir.

Continuando a descrição da besta, ela tem “dez chifres” que são dez reis (v.12) aliados a ela e que têm poder por um período curto de tempo (“uma hora”). São submissos à besta (v.13). Formam uma frente para combater o Cordeiro, que os vence (v.14. Essa batalha é apresentada em 19,11-21).

2. A QUEDA DE ROMA E SUAS CONSEQÜÊNCIAS - cp. 18

Assim como o primeiro anjo introduziu a visão de Roma (17,1-3), um outro faz o anúncio de sua queda (18,1-3). Embora essa destruição se apresente como já tendo acontecido (“caiu, caiu” - v.2), ela, na realidade, será efetuada no futuro. Tal modo de falar é para enfatizar que sua ruína “já está determinada”.

Diante da condenação de Roma, os cristãos são chamados a “abandoná-la” (vs. 4 e 5). Essa ordem, para vários membros das igrejas da Ásia Menor, era difícil de ser cumprida. Eles viviam sem problemas diante do império, usufruindo das riquezas da prostituta (17,4). Mas para João, ou eles se afastam dessa cidade pecaminosa, ou se tornam “cúmplices de seus pecados” (18,4).
A queda de Roma não é um fato isolado na história. Ela tem conseqüências. E elas se manifestam para aqueles que se relacionavam com a capital do império. Primeiramente os reis da terra se lamentam com a destruição da cidade (vs.3 e 9). Eles participavam de seu poder e agora sentem a perda dele. Em segundo lugar, temos os mercadores da terra (vs. 3. 11-16) que se enriqueceram através do comércio com ela. Terão que buscar lucro em outro lugar. E, em terceiro lugar, vem os mercadores do mar, a marinha mercante (vs. 17-19) que também se enriqueceu por transportar as mercadorias de e para Roma no oceano Mediterrâneo. Todas essas pessoas sofreram com a destruição de sua parceira. Deixaram de auferir lucros com a ausência dela. Pode ser que entre elas se encontrassem cristãos. Isso mostra como é perigoso viver uma religiosidade superficial, que esconde uma vida essencialmente profana, e que se vende ao sistema de influências, ao lucro com negócios escusos. Hoje não será assim também?

Em 19,21-24 novamente aparece uma declaração da condenação de Roma, agora introduzindo os motivos pelos quais Deus agiu assim. Primeiramente, devido a sedução de sua feitiçaria (v. 23b) sobre as nações da terra. Essa feitiçaria não é necessariamente religiosa, mas sim uma sedução exercida por Roma e seu poder, sua glória e riqueza sobre o mundo. Ela é culpada porque usou desses atributos para levar os homens à corrupção, à sensualidade e à opressão. O segundo motivo pelo qual é punida é porque nela se achou sangue de profetas e santos (v. 24). Deus não se esquece daqueles que perseguem Seu povo. Estes dois motivos fornecem o critério para avaliarmos a ação de Deus diante de qualquer nação em qualquer época da história. (reforma protestante)

3. LOUVOR NO CÉU PELA DESTRUIÇÃO DE ROMA - 19,1-10

Há louvor no céu porque Roma foi julgada (19,1-2). São os santos, apóstolos e profetas que estão exaltando a Deus (18,20), pois Ele exerceu justiça sobre aquela que tinha sangue dos seus servos em suas mãos (v. 2b). Os seres celestiais também O louvam (v.4), e, por fim, uma voz do trono exorta todos os servos de Deus a Louvá-lO (v.5).

Em seguida o louvor continua, agora em função do aparecimento da “esposa” do Cordeiro (v. 7). Esta imagem da igreja fala de seu encontro final com o noivo, Jesus Cristo, em sua segunda vinda (21,2). Tal figura é usada em outras partes do Novo Testamento (Mt 25,1-13; Mc 2,19-20; 2Co 11,2; Ef 5,25-27). Há um contraste evidente aqui entre a noiva e a prostituta. Aqueles que não se deixaram levar pela sedução de Roma, a prostituta, mas mantiveram-se fiéis a Jesus, constituem a igreja pura, sem mácula, noiva de Seu Senhor. Esses serão recebidos com amor pelo noivo e viverão com Ele. São bem-aventurados (v.9). Aqueles que têm se deixado levar pela prostituta estarão com ela no inferno para sempre.

4. O APRISIONAMENTO DA BESTA E DO FALSO PROFETA - 19,11-21.

Dentro da cena que fala da segunda vinda do Senhor Jesus que começou em 19,6, temos sua continuação com o aprisionamento da besta e do falso profeta, que são, respectivamente, o império romano e a máquina estatal de promoção da adoração do imperador descritos no capítulo 13. O cavaleiro (v. 11) é Jesus Cristo. Podemos constatar isso a partir de sua descrição. “Olhos como chama de fogo” (v.12) já apareceu em 1,14 referindo-se a Ele. Sai de sua boca uma “espada afiada” (v. 15. Comparar com 1,16). Seu nome é “Verbo de Deus” (v. 13), linguagem joanina para falar de Jesus (Jo 1) e “Rei dos Reis e Senhor dos Senhores” (v. 16). Seu exército é formado por seus servos, os cristãos que vestem “vestiduras de linho finíssimo branco e puro” (v. 14. Comparar com o v. 8).

A besta com os reis da terra se reúnem para lutarem com Jesus (v. 19). Esta cena foi antecipada em 16,14-16. Embora essa batalha não seja descrita, seu resultado é apresentado. A besta com o falso profeta (que é a segunda besta do cp. 13. Ela opera “sinais” - 19,20. Comparar com 13,13) são aprisionados e lançados no “lago do fogo que arde com enxofre” (v. 20b), lugar de sofrimento eterno (20,10b), chamado de “segunda morte” (20,14), para onde irão os que não estão inscritos no livro da vida (20,15). Mais dois inimigos do Senhor Jesus são destruídos! Essa será a punição final do império romano e de todo império ou nação que se levante contra Deus.

Temos aqui uma descrição da segunda vinda de Jesus em termos de uma “batalha”. Essa mesma segunda vinda já foi vista como uma “ceifa” (14,14-20). O Apocalipse usa várias imagens para descrever o mesmo fato.

CONCLUSÃO

Nestes três capítulos vimos a punição de três inimigos do Senhor Jesus e de sua Igreja: a prostituta (Roma), a besta (império romano), e o falso profeta (máquina estatal de promoção da adoração do imperador). Os seguidores da besta já haviam sido punidos no capítulo 16. Essa imagens são importantes para, primeiramente, fortalecer aqueles que sofrem e são perseguidos, a fim de permanecerem fiéis a seu Senhor. Em segundo lugar, elas nos lembram que um dia aqueles que nos têm trazido “lágrimas aos olhos e a morte” (21,4) serão punidos pelo Senhor Jesus na manifestação de sua justiça. Mas há um último inimigo a ser vencido - o dragão, Satanás. Isso acontecerá no capítulo 20.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

APOCALIPSE: AS SETE TAÇAS - Caps 15 e 16


Após termos visto nos capítulos 12 a 14 a identidade do perseguidor dos cristãos: o império romano, e o poder por trás dele: Satanás, veremos hoje o derramar da “cólera de Deus” sobre o mundo (15,1; 16,1) e especificamente sobre a besta, os que têm a sua marca, e a Babilônia.

Novamente, neste ciclo, vemos repetir-se o período que cobre toda a história humana. Devemos repetir que estes capítulos não estão em “seqüência cronológica” com os anteriores. Evidência disso é a afirmação em 14,8 de que Babilônia (Roma) “caiu”. Porém em 16,19 fala-se novamente de sua destruição e no capítulo 17 ela é descrita de modo detalhado antes de perecer.

Os três capítulos estudados hoje estruturam-se assim: Capítulo 15. Cena de abertura no céu. Capítulo 16. As sete taças da ira de Deus.

1. CENA DE ABERTURA NO CÉU - cp. 15.

João vê sete anjos com sete flagelos pois com eles se “consumou (consumará) a ira de Deus”. Temos visto a ação de Deus sobre a terra (natureza e homens) nos selos e trombetas. Agora sua manifestação é mais enfática. Ele está irado contra aqueles que tem perseguido sua Igreja e irá agir contra eles. Esse é o alvo das sete taças.

João introduz uma visão que manifesta o tempo presente ao mostrar no céu aqueles que “venceram a besta”. Isto é importante, pois assegura que aqueles que foram aparentemente “derrotados” e “mortos” pela besta (13,7.15), na realidade, foram “vitoriosos” sobre ela. Eles não estão tristes por terem morrido, pelo contrário, tem cânticos de louvor a Deus e ao Cordeiro em seus lábios (15,3-4).

Em seguida sete anjos recebem sete taças de ouro contendo a cólera de Deus (15,7). Isso significa que o que está para acontecer na terra não é obra do acaso, mas obra de Deus. O que acontece na terra é definido no céu.

2. AS SETE TAÇAS DA IRA DE DEUS - cp. 16.

Levítico 26,21 afirma que aqueles que não querem andar segundo a vontade de Deus recebem “pragas” da Sua parte. É o que acontece aqui. Devemos notar uma progressão nas ações de juízo de Deus sobre a terra. Nos selos, toda a terra é atingida pelas catástrofes que acontecem no decorrer da história, incluindo cristãos e não-cristãos. Nas trombetas, o alvo são aqueles que não crêem em Cristo, os quais, diante do sofrimento, deveriam se arrepender e voltar para Deus (9,21). Porém isso não acontece. Já nas taças, temos uma especificação maior. A cólera de Deus, que se manifesta na história, visa os seguidores da besta (16,2) e a cidade de Roma (16,19). O objetivo agora já não é gerar arrependimento, mas punir. Quanto a isso, enquanto as trombetas atingiam uma “terça parte” (8,7.8.10.12; 9,15), as taças agem sobre tudo e todos. É o juízo de Deus que cai sobre aqueles que não o temem, pelo contrário, perseguem sua Igreja.

Para corroborar com o que foi dito acima, ou seja, que tanto trombetas quanto taças cobrem o mesmo período da história, basta que coloquemos em colunas paralelas os temas das trombetas e das taças para vermos a incrível semelhança:

As Sete Trombetas - cp.8-9 As Sete Taças - cp. 16
1. Terra (8,7) 1 . Terra (v.2)
2. Mar (8,9) 2. Mar (v.3)
3. Rios e fontes (8,10) 3. Rios e fontes (v.4)
4. Sol, lua, estrelas (8,12) 4. Sol (v.8)
5. Escuridão, tortura (9,2.5) 5. Escuridão, angústia (v.10)
6. Rio Eufrates (9,14) 6. Rio Eufrates (v.12)
7. Voz no céu (9,13) 7. Voz no trono (v.17).


Não deve ser surpresa para nós que o juízo de Deus se manifeste na história. Ele já agiu assim em Babel (Gn 11,1-9) e em Sodoma e Gomorra (Gn 19,24-25). Tais manifestações são apenas um prelúdio do grande ato de punição que será levado a cabo no dia do juízo final.

O capítulo 16, então, expressa a ação de Deus contra Roma e seus seguidores, dentro daquilo que seria o futuro em relação ao tempo de João e que culminará com a volta de Jesus Cristo (16,17-21). Isso deve ser entendido por nós como a manifestação do juízo de Deus na história e no final da história contra todo poder que se levante contra Ele e sua Igreja. Você pode identificar algum fato desse na história da humanidade?

A primeira taça (16,2) lembra a sexta praga do Egito (Ex 9,8ss). Quando as pessoas se manifestam impenitentes e contrárias à vontade de Deus, sua própria saúde pode ser atingida.

A segunda taça (16,3) relaciona-se com a primeira praga do Egito (Ex 7,17-21). Ela atinge o ser humano indiretamente, visto que ele depende do mar para viver.

A terceira taça (16,4-7), assim como a segunda, relaciona-se com a primeira praga do Egito (Ex 7,17-20). Aqui fala-se da água enquanto necessária para a vida humana. Possivelmente sua poluição deve-se à pecaminosidade do homem. Até com uma certa ironia, o anjo explica o por quê dessa praga (v.6). Também ouve-se, vindo do altar de Deus, vozes que louvam a justiça de Deus ao exercer juízo. É provável que essas vozes sejam dos cristãos que clamavam por justiça em 6,10.

A quarta taça (16,8-9) lembra a maldição de Deus sobre os que não o temem (Dt 28,22). Como não pensar, em termos contemporâneos, ao câncer de pele, devido a poluição da atmosfera?

A quinta taça (16,10-11) atinge diretamente a besta (império romano - cp. 13). É a ação direta de Deus sobre os poderes políticos, religiosos etc que se levantam contra Ele. A história tem mostrado como povos que não deram ouvidos a Deus foram retiradas do cenário internacional, como o Egito, Assíria, Babilônia, Grécia, Roma, e, mais recentemente, a União Soviética (com muita certeza porque perseguiu os cristãos).

A sexta taça (16,12-16) manifesta a oposição do diabo (dragão), de Roma (besta) e da máquina religiosa romana (falso profeta - em 19,20 ele é visto como aquele que faz com que as pessoas adorem a besta, mesmo papel da segunda besta em 13,12.15) contra Deus. Eles procuram unir aqueles que lhes dão apoio para lutar contra Ele (v.14). O lugar em que eles vão lutar chama-se “Armagedom”. Não há concordância quanto ao lugar e seu sentido. O certo é que ele representa a mesma batalha que virá mais tarde em 19,11-21 e 20,7-10. Porém aqui ela não é descrita.

A sétima taça (16,17-21) apresenta a vinda de Cristo (ver o paralelo entre o v.20 e 6,14), relacionada com a destruição de Babilônia (= Roma. Ver 17,5.9). O juízo sobre Roma na história é somente uma antecipação do juízo final que virá sobre ela.

CONCLUSÃO

As taças introduzem a ação direta de Deus contra os inimigos de seu povo. Nos capítulos 17 a 20 eles serão destruídos um por um. Depois virá a recompensa para aqueles que são fiéis.

APOCALIPSE: O DRAGÃO E AS DUAS BESTAS - Cap 12 a 14


Neste estudo começamos um novo ciclo dentro do Apocalipse. Nele, as coisas vão ficando mais claras e explicadas. Aqui, fora as referências indiretas nas cartas às igrejas, é a primeira vez que o império romano aparece de modo claro. Ele é citado devido a sua relação com os cristãos. Todo o resto do livro será um desenvolvimento do que for mostrado neste texto. Estes capítulos se dividem da seguinte maneira: 12 e 13: a hostilidade do dragão e das duas bestas. 14: anúncios do julgamento divino.

1. A HOSTILIDADE DO DRAGÃO E DAS DUAS BESTAS (cp. 12 e 13)

Estamos novamente no passado, na encarnação de Jesus (12,5). A “mulher” é símbolo de Israel, de onde vem Jesus (ver Is 66,7-8 para a imagem de Israel dando a luz filhos), e da igreja, cuja descendência é perseguida pelo dragão (12,17). O “dragão” é Satanás (12,9), e a “criança” que nasce é Jesus Cristo (12,5 - referência ao Salmo 2 que fala do Messias).

O dragão quer “devorar o filho da mulher” (v.4). Ou seja, ele queria matar Jesus Cristo antes que Ele consumasse sua obra na cruz (Ver, nesse sentido, a intenção demoníaca de Herodes em Mt 2,16-18). Porém não consegue. A criança é arrebatada aos céus por Deus (v.6), o que significa sua ascensão após a ressurreição. O objetivo destes primeiros seis versículos, portanto, é mostrar como o diabo foi malsucedido ao tentar destruir o Senhor Jesus Cristo.

Como conseqüência do que foi dito acima, os versículos 7-12 mostram a expulsão do diabo do céu que se deu com a encarnação, vida (o que pode ser visto através da vitória sobre o diabo no deserto - Mt 4, e nos diversos exorcismos), morte e ressurreição de Jesus (Jo 12,31-32; 16,11). Essa expulsão é apresentada através de uma luta celestial (vs.6-9). A vitória de Jesus é assumida pelos cristãos (v.11).

A expulsão do diabo já foi mencionada na quinta trombeta (9,1-11) que falava da sua ação sobre os homens descrentes. Agora sua ira (v.12) se manifesta contra a igreja (v.13). A mulher (igreja) foge com “asas de águia” (símbolo de ajuda divina - Ex 19,4) para o “deserto” (referência à saída do povo do Egito, em direção ao deserto, onde Deus os dirigiu e protegeu contra o faraó). Como já foi mencionado, esse “um tempo, tempos, e metade de um tempo” significa todo o período entre a primeira e a segunda vindas de Jesus Cristo. A “água” que sai da boca do diabo (v.15) significa maldade, tribulação lançados contra a igreja (Ver sobre o símbolo da água - Sl 32,6; 124,4). Mas a igreja é salva (v.16). Isto só torna o diabo mais irado, e sua próxima investida será através das duas bestas (cp.13).

A primeira, a “besta que surge do mar” (13,1) é o império romano (ver 17,3 e 9, onde se menciona os “sete montes”, referência explícita à cidade de Roma). O “mar” representa os poderes que se opõe ao domínio de Deus (Sl 74,13-14; 89,10-11) ou então significa o “mar Mediterrâneo”, lugar de domínio romano. Em ambos sentidos, mar, aqui, significa oposição a Deus. A besta que vem do mar é o império romano que se opõe a Deus e ao seu povo. Estamos agora falando do presente, dos problemas da comunidade em seus dias diante de Roma.

Por trás deste domínio político, diz João, está o diabo (v.2b). Fica claro que a questão da oposição de Roma que surge, ou surgirá, não é uma questão política apenas, mas sim religiosa. É nesse sentido que os cristãos devem entender a situação e se posicionar diante dela. Se em Rm 13 o imperador é instrumento de Deus, neste capítulo ele é instrumento do diabo. Como o cristão deve se comportar diante dessas realidades?

A “cabeça ferida de morte que é curada” (v.3), no texto grego é muito parecida com a afirmação sobre Jesus, que é o “Cordeiro como tinha sido morto” (5,6). A “cabeça” significa um imperador romano (ver 17,9b). Portanto, há um imperador que arroga o direito de ocupar a mesma posição de Jesus como ressurreto. Na época havia uma lenda que dizia que o imperador Nero, morto em 68 d.C., voltaria à vida, e, cria-se, isso estaria acontecendo. Domiciano era, para o povo, o Nero redivivo! Isso maravilhava “toda a terra” (v.3b) e trazia “adoração ao dragão e à besta” (v.4). Temos, nestes versículos, um princípio importante para a manutenção de todo poder político: criar uma “aura de divinização” em torno de si. Ou seja, apresentar-se como representando Deus, ou então, divinizando seus heróis. É o que acontece com os Estados Unidos, que dizem cuidar da democracia de todo o mundo, como país escolhido por Deus, sendo que, na realidade, trazem opressão. De modo semelhante, o Brasil apresentava o golpe de estado de 1964 como orientado por Deus para preservar a democracia contra o “comunismo diabólico”. O Apocalipse nos ajuda a ver por “detrás” dessa máscara. Ver o quem realmente está agindo. E o que se esconde por detrás dessa fachada é o poder diabólico que gera violência, sofrimento e derramamento de sangue.

A besta profere blasfêmias, persegue a igreja e a vence, dominando sobre os povos que a cultuam (v. 6-8). É um tempo de opressão. Nessa hora, é importante crer que, apesar do sofrimento e da morte, os cristãos já venceram o diabo (12,11-12).

A segunda besta, a que “surge da terra” (13,11-18), representa o poder religioso do império. Ela “parece cordeiro”, referência a Jesus Cristo, mas fala como “dragão” (v.11). É a máquina estatal a serviço da adoração do imperador. Possivelmente fala-se aqui dos sacerdotes dos templos que cultuavam ao imperador e dos altos funcionários provinciais responsáveis pelo desenvolvimento desse culto (v.12). Mas essa prática só desenvolveu-se porque havia um desejo e aspiração do próprio povo. A sociedade o estimulava (a Ásia Menor foi a região onde tal culto mais desenvolveu-se), e aceitava de bom grado a idéia de fazer imagens em homenagem ao imperador para cultuá-lo (v.14). Os cristãos por não adorarem a imagem do imperador, declarando-o Senhor, eram mortos (v.15).

Esta segunda besta, enquanto manifestação religiosa, opera “sinais”, visto que Satanás está por trás dela (2Tss 2,9). Ela desenvolve uma identidade profética poderosa, semelhante a Elias (v.13. Ver 1Rs 18,30-38). Também torna viva a imagem da besta (v.15a), possível referência aos oráculos que eram proferidos por ela. Assim como os que adoram a Deus foram marcados (7,3), os adoradores da besta também o são (v.16). Tal procedimento significa a identificação daqueles que são leais, tanto a Deus, quanto à besta. Esta caracterização irá definir o destino de cada pessoa no desenrolar do livro. Assim como a marca de Deus, a marca da besta também era simbólica. Não existe dado histórico indicando que todos que adoravam ao imperador recebiam uma marca. A marca consistia na própria lealdade, fosse a Deus ou ao diabo. Portanto, adorar ao imperador inclinando-se diante de sua estátua, maravilhando-se com seus sinais prodigiosos, e seguindo suas orientações como se fosse um deus, já constituía um sinal que haveria de identificar seus praticantes.

Do mesmo modo, o “número da besta” (v.18) não introduz um nome específico, visto que já sabemos que a besta é o império romano, representado por seu imperador, Domiciano, mas sim um simbolismo. O número seis, por ser inferior ao sete, número da perfeição, simboliza exatamente seu oposto, a “imperfeição”. Dizer que o número da besta é 666, significa dizer que, apesar de toda sua arrogância e poder, o império romano é imperfeito, até mesmo frágil e que, portanto, é sábio aquele que se mantém ao lado de Deus.

A imagem das duas bestas é altamente relevante para nós. Muitas vezes, de modo infantil, temos nos preocupado com o “significado” do número da besta e do seu sinal, não compreendendo o real sentido disso. Na verdade, tem o sinal da besta aquele que sente-se fascinado pelo estilo de vida da sociedade; aquele que idolatra uma ideologia, seja comunista ou capitalista; aquele que coloca um propósito de vida materialista para si; aquele que se deixa guiar por um Estado totalitário, ou pseudo-democrático, etc. Todas essas expressões de vida e, na realidade, de fé, quando se tornam senhoras de nossa vida, nos marcam com o sinal do verdadeiro dirigente de nossos destinos: o diabo. É por isso que devemos lembrar sempre: a característica deles é 666, ou seja, eles são imperfeitos! Temos tido discernimento para entender isso???

2. ANÚNCIOS DO JULGAMENTO DIVINO (cp. 14)

Assim como os dois blocos anteriores mostram, depois da descrição das catástrofes, a segurança do povo de Deus antes do juízo final (cp. 7; 11,1-2), aqui também o mesmo acontece. Após apresentar o império romano como o instrumento usado pelo diabo para perseguir os cristãos, é mostrada uma cena onde Deus guarda aqueles que são seus (14,1-5). Os crentes entoam um cântico que somente eles podem cantar (v.3). Não é dito nada sobre a letra do cântico. Mas com certeza era semelhante aos anteriores (4,11; 5,9; 7,12 etc) que falavam da soberania de Deus, e da obra redentora de Jesus. Somente eles, como salvos, podem cantar. Mesmo diante da perseguição e do sofrimento (cp. 13) há louvor em seus lábios. A consciência da soberania de Deus sobre nossas vidas conseqüentemente nos leva a louvar Seu nome.

A partir de agora vem o anúncio do julgamento de Deus. Passamos a falar do futuro. Um anjo traz um “evangelho” (boa notícia) anunciando que é chegado o “seu juízo” (v.6-7). O anúncio do evangelho não consiste somente de salvação, mas de juízo também (ver Lc 3,17[linguagem apocalíptica de juízo] e 18). O juízo que tem chegado é definido em relação a Roma. O anjo anuncia a queda da “Babilônia” (= Roma. Ver 1Pe 5,13). Este é um julgamento “na história”. Toda manifestação do juízo divino que acontece na história humana é antecipação do juízo vindouro.

Outro anjo anuncia o juízo de Deus sobre os que “adoram a besta”. Se anteriormente Deus havia, através das catástrofes na história, chamado tais homens ao arrependimento (cp. 8 e 9), agora define seu destino futuro (vs.9-11). Há, em seguida, uma bem-aventurança sobre os que tem morrido no Senhor (v.13). Isso mostra que Deus nunca esquece daqueles que lhe são fiéis.

Por fim, há a descrição do juízo final (vs.14-20). Ele é visto como uma “ceifa” (v.15-16. Ver Mt 13,30) que objetiva aqueles que “adoram a besta”, os quais serão atirados no “grande lagar da cólera de Deus”.

O capítulo quatorze fala, portanto, do juízo de Deus, que é mais específico do que os já apresentados, e que enfoca aqueles que não o temem. Traz, de certa forma, consolo para os que sofrem, e já é uma resposta à oração dos fiéis que pediam justiça (6,10). Esta justiça será mais desenvolvida nos capítulos seguintes.

CONCLUSÃO

Os capítulos 12 a 14 cobrem, como as seções anteriores, o passado, presente e futuro. O passado, é lembrado em função da incapacidade do diabo para matar Jesus o que, conseqüentemente, introduz o presente, ao apresentá-lo perseguindo a igreja, tendo como instrumento o império romano. Já o futuro mostra o outro lado da realidade ao declarar que aqueles que hoje perseguem, no futuro, através do juízo de Deus, serão perseguidos. Devemos lembrar através destes capítulos que, diante dessas realidades, é impossível ficar passivo. Ou se tem a marca de Deus, ou da besta. Novamente João é radical.

APOCALIPSE: AS SETE TROMBETAS - Caps. 8-11


Na abertura dos selos, quando esperamos que o sétimo seja aberto, o escritor apresenta um interlúdio (capítulo 7) para somente depois dele abrir o último selo. Mas, para nossa surpresa, esse selo não introduz a abertura do livro com a revelação do seu conteúdo e conseqüentemente a vinda de Jesus; pelo contrário, ele traz uma nova série de sete. Agora são sete trombetas que serão tocadas! Elas compõem o conteúdo do sétimo selo.

Em termos cronológicos, o texto começa novamente a falar do presente (8,3 - os cristãos das igrejas que estavam orando), e do futuro (11,17-18 - julgamento dos mortos e galardão). Além disso, não existe seqüência cronológica entre os selos e as trombetas, visto que em 6,12 fala-se do “sol que se tornou negro”, e em 8,12 há a menção de que “um terço do sol se tornou escuro”. Se no capítulo 6 o sol já estava escuro, como, no capítulo 8, ele teve apenas uma terça parte sem luz? Isso mostra que não há sucessão de tempo entre as duas seções.

À semelhança do bloco anterior, estes capítulos também são divididos em duas partes:

1. CENA DE ABERTURA NO CÉU - 8,1-6.

A abertura do sétimo selo introduz uma cena celestial (v.1-2). Um anjo queima incenso para oferecer com as orações dos santos (v.3-4). Os sacrifícios no V.T. eram apresentados com incenso (Lv 16,12), e a oração, vista como um sacrifício a Deus passou a ser comparada ao incenso que sobe diante de Deus (Sl 141,2). Esta cena fornece a garantia de que as orações dos fiéis têm chegado a Deus e que Ele as responde. Essa resposta se manifesta quando o anjo pega o fogo do altar e joga sobre a terra (v.5). Isso indica o julgamento de Deus que se dará através do toque das trombetas. Talvez fosse isso que os cristãos pediam em suas orações.

2. O TOQUE DAS TROMBETAS - 8,7-11,19.

Trombetas foram usadas para sublinhar os grandes momentos na história de Israel (foram usadas: para anunciar o combate - Jr 4,5; nas festas - 2Sm 15,10; nas cerimônias cultuais - Nm 10,10; nas teofanias - Ex 19,16ss). São elas que anunciarão a vinda de Jesus (Mt 24,31; 1Co15,52; 1Tss 4,16). Somos estimulados a identificar as trombetas do Apocalipse com este último sentido. Porém, a análise do texto mostra que essa relação não é correta. Elas não anunciam o fim, mas sim o juízo de Deus que se manifesta na terra e sobre os homens no decorrer da história. Parece que o uso delas é justamente para quebrar essa expectativa iminente, mostrando que ainda não é o fim.

As trombetas apresentam basicamente o mesmo tema dos selos: as catástrofes que vêm sobre a humanidade. Enquanto nos selos esses sofrimentos acontecem de modo generalizado, para cristãos e não-cristãos, nas trombetas eles visam os homens que não crêem (8,13 - os “que moram na terra” são os homens que têm perseguido os cristãos [ver 6,10]; 9,4). Elas mostram que, para estes homens, o sofrimento é especialmente duro. Nele, os cristãos são chamados à perseverança, e os incrédulos recebem uma advertência de Deus para que se arrependam (9,20-21). Por isso a destruição não é total, ela visa apenas a “terça parte” (8,7.8-9.10.11.12; 9,18). Porém os homens não se voltam para o Senhor, e por isso serão destruídos na manifestação de Jesus (11,18b). Isso se dará na sétima trombeta, que marca o fim (11,15-19).

As pragas que vêm por intermédio das trombetas devem ser entendidas como conseqüência e retribuição aos pecados dos homens. Somente nesse sentido é que se pode entender que a terra e a natureza sofram (8,9.11, Rm 8,20-22). Além disso, o pano-de-fundo das trombetas se encontra nas pragas do Egito (Ex 7-11) que mostram o juízo de Deus sobre um povo que oprimiu os israelitas e não quis ouvir a voz de Deus.

Primeira trombeta (8,7). Representa qualquer tipo de destruição que causa dano a terra (ver a relação com a sétima praga em Ex 9,24-25).

Segunda trombeta (8,8-9). Indica, na linguagem apocalíptica, os danos ocorridos no mar. Os seres aquáticos são atingidos, bem como o comércio marítimo, que era muito importante para Roma, através da destruição das embarcações. Esta catástrofe é mais séria que a primeira, porque atinge, mesmo que indiretamente, os seres humanos (ver a primeira praga em Ex 7,20-21).

Terceira trombeta (8,10-11). Se a terra e o mar já foram atingidos, agora a destruição atinge a água potável. As águas se tornam em “absinto”, uma planta que, por ser muito amarga, passou a ser usada como sinônimo de “veneno”. Nesta trombeta os homens são atingidos diretamente. Muitos deles morrem. Uma depois da outra, os segmentos mais necessários à vida humana na terra são atingidos.

Quarta trombeta (8,12-13). Se o sol tornando-se negro, e as estrelas caindo são sinais da vinda de Jesus (6,12-13), o escurecimento da terça parte do sol, da lua e das estrelas é um sinal antecipatório de que o fim está próximo. É essa a mensagem que a águia traz no versículo 13.

Quinta trombeta (9,1-12). O versículo 13 marcou uma transição entre as quatro primeiras trombetas e as três últimas. As últimas são mais intensas e piores que as anteriores. A citação da “estrela que cai do céu” (v.1) é usada para descrever seres vivos que atuam arrogantemente (Is 14,12) e aqui pode referir-se a Satanás (Lc 10,18; Ap 12,9). O “abismo” é o inferno antes do juízo final (Ap 20,1.3). Os gafanhotos como “escorpiões” (v.3, 10) lembram seres subordinados ao diabo (Lc 10.19), portanto, “demônios”. A imagem, portanto, está clara. Enquanto as trombetas anteriores falavam de males físicos, aqui a ameaça é espiritual. É o sofrimento que o diabo e seus demônios impõe aos homens que “não têm o selo de Deus” (v.4).

Sexta trombeta (9,13-21). Esta última trombeta, antes do final, apresenta um último aviso e mais grave: a morte (v.15, 18). De fato, ela nos faz pensar na nossa situação diante de Deus. Mas mesmo diante dela, os homens não se arrependem (v.20-21).

Agora, à semelhança do que aconteceu com os selos, há um interlúdio (capítulo 10-11,14). Ele serve para aumentar a expectativa antes da última trombeta.

Um anjo vem e afirma através de um juramento que não haverá demora para o fim (10,1-7). Ordena-se a João que coma o livro que está com o anjo (v.8-10), sinal e símbolo de vocação profética (Ez 2,8-3,3). Comer o livro significa encher-se da revelação profética. Isso acontece porque João tem muito o que profetizar (v.11).

No capítulo 11 João deve medir o santuário e o altar do templo (v.1). Logicamente o templo aqui não é uma realidade física, visto que ele já havia sido destruído no ano 70 d.C. Possivelmente se refere à Igreja, enquanto santuário de Deus (1Co 3,16; 2Co 6,16; Ef 2,21). A medição significa “preservação”. O que não é medido é entregue aos gentios para destruição (v.2). Temos, portanto, a reafirmação daquilo que dissemos anteriormente, que os cristãos são guardados por Deus durante o toque das trombetas.

Essa mesma igreja que é protegida por Deus, é mandada testemunhar através do símbolo dos dois profetas (11,3). Eles são Elias (v.6a) e Moisés (v.6b), que eram tidos como os maiores profetas de Israel. Em termos proféticos, representam muito bem a Igreja. Eles são guardados por Deus (v.5). Devem profetizar 1.260 dias, período esse entendido como compreendendo o tempo entre a primeira e segunda vindas de Jesus (ver 12,4-5.14). A besta, que surgirá no capítulo 13, os mata (v.7-8). Os povos alegram-se com isso (v.10), possivelmente porque eles pregavam contra seus pecados. Mas três dias e meio depois da morte das duas testemunhas elas ressuscitam (v.11), como o Senhor Jesus, e vão para junto do Pai (v.12). Esse é o destino da Igreja. Embora receba forças para suportar os tormentos que se abatem sobre a terra, sua pregação aos homens desperta ira, e ela é perseguida. Isso tem acontecido na história da Igreja e acontecerá até a vinda de Jesus.

Sétima trombeta (11,15-19). Ela marca a chegada do fim. Jesus julga os mortos, dá galardão aos santos e destrói os ímpios (v.18-19). Aqui Jesus é visto em toda a sua justiça que trará alegria àqueles que sofreram em seu nome e punição para os que o rejeitaram.

CONCLUSÃO

Pela segunda vez são apresentadas catástrofes que se manifestam na história da humanidade. O objetivo delas agora é atingir os descrentes a fim de despertar arrependimento e fé neles. A Igreja é enviada ao mundo para testemunhar o evangelho de Jesus (cp. 11). Porém, apesar dos sinais de Deus e da pregação da Igreja, o mundo não crê e mantém-se endurecido em seu pecado. Nesse contexto, a sétima trombeta vem para dar o pagamento que cada um merece.

APOCALIPSE: OS SETE SELOS - Caps. 5-7


Os selos e os Selados Glorificados

1. A VISÃO DO LIVRO (5)

O capítulo 5 começa falando de um “livro” selado com sete selos, que está nas mãos de Deus (v.1). Que livro é esse? É o livro que contém o domínio de Deus sobre todas as coisas, bem como a definição da libertação do seu povo e a punição daqueles que se voltam contra a igreja e seu Senhor. Portanto, tudo o que acontece no Apocalipse é a revelação do conteúdo do livro.

Os “sete selos” que mantém o livro fechado (possivelmente um pergaminho ou papiro) e que são abertos no capítulo 6 e 8 não fazem parte do conteúdo do livro, mas formam uma preliminar à abertura do mesmo.

João chora muito porque ninguém pode abrir o livro e, sendo assim, não há nenhuma certeza quanto ao futuro (v.4). Porém um dos anciãos apresenta Jesus no v.5 como “leão da tribo de Judá” (Gn 49,9-10 que fala do reinado provindo da tribo de Judá) e “raiz de Davi” (Is 11,1 indicando que o Messias viria da família de Davi). Essas duas descrições mostram Jesus em seu caráter real e vencedor. Por outro lado, no v.6 Ele é apresentado como “Cordeiro como tinha sido morto”, que demonstra o caráter sacrificial da obra de Jesus. Esse aspecto é enfatizado nos dois cânticos que citam a morte de dEle (v.9 e 12). Há aqui, possivelmente, a apresentação de Jesus como aquele que vence através da morte como modelo para os crentes (2,10).

Finalmente, Jesus toma o livro (v.8) e no capítulo 6 ele começa a abrir os selos. É importante notarmos aqui que a visão do trono de Deus e de Jesus representa o passado, o momento da exaltação de Jesus à direita de Deus através da ressurreição e a posse de seu domínio sobre todo o universo.

O objetivo da visão nos capítulos 4 e 5 é fornecer confiança e força para os crentes diante dos problemas que virão. Eles, por serem cristãos, não estariam livres de pagar o preço pela sua fé. Mas era importante saber que, no final de tudo, Deus estava controlando a situação e que Jesus traria o consolo a eles e a punição aos seus perseguidores.

2. ABERTURA DOS SETE SELOS (6 e 7)

Como dissemos acima, os selos não apresentam o conteúdo do livro, mas são antecipações a ele. Os quatro primeiros selos devem ser vistos formando um bloco pela unidade da estrutura que gira em torno dos cavaleiros, enquanto o quinto fala especificamente da igreja, o sexto sobre a segunda vinda, e o sétimo vem somente no capítulo 8.

O primeiro cavaleiro (6,2), que leva um “arco” representa soldados “partos” que eram os únicos arqueiros montados na época. A Pártia era um reino situado a leste da Palestina e que significava constante fonte de ameaça ao domínio romano no oriente. Aqui este cavaleiro simboliza guerras e conquistas que ameaçavam o império romano.

O segundo cavaleiro (v.3-4) simboliza o conflito e a guerra entre os povos em geral.

O terceiro cavaleiro (v.5-6) traz a imagem da escassez. “Uma medida de trigo” era o consumo de uma pessoa durante um dia. “Um denário” era o salário de um dia de trabalho. Portanto, mostra-se aqui que os tempos são difíceis, visto que gasta-se todo o dinheiro para a alimentação de uma única pessoa. A cevada, mais barata, era o alimento dos pobres. Somente com ela poderia-se alimentar a família. A questão aqui é a crise econômica.

O quarto cavaleiro (v. 7-8) parece sintetizar o segundo e o terceiro. Ele traz a morte pela “espada” que pode ser referência à guerra, mas também a todo o tipo de morte violenta, p.ex. assassinato. A morte pela “fome” é uma derivação mais intensa da escassez do v.6.

O quinto selo (v.9-11) apresenta os cristãos que têm sido mortos. Eles estão diante de Deus (v.9). O Apocalipse até aqui fez menção apenas a uma morte (2,13) e à possibilidade de se morrer (2,10). Possivelmente João vê as coisas de modo presente e também futuro, ou seja, estaria vendo aqueles que “seriam” mortos. Eles pedem vingança a Deus, mas não especificam seus assassinos. Isso será mostrado mais adiante no livro.

O sexto selo (v.12-17) expressa a segunda vinda de Jesus. Pode-se notar através dos sinais no v. 12 e pela referência ao “dia da ira” (v.17), termo vétero-testamentário que significa o dia da vinda de Deus para julgamento.

Mas, qual o sentido desses selos? Eles simbolizam a presença do mal, pecado e sofrimento no mundo, durante todas as épocas, atingindo todas as pessoas, sejam cristãs ou não. Isso pode ser visto através da comparação com Mt 24. O segundo, terceiro e quarto selos estariam relacionados com Mt 24,6-8; o quinto selo com Mt 24,9-13; e o sexto selo com Mt 24,29-31. É importante frisar que Mt 24 não apresenta “sinais” antecipatórios para a vinda de Jesus, pelo contrário, seu objetivo é mostrar que tais acontecimentos não representam o fim (24,6b e 8). O mesmo se dá com os selos do Apocalipse. Eles mostram que os cristãos estão sujeitos a sofrimentos dentro do mundo como qualquer ser humano e que tais tribulações não evidenciam a chegada do juízo de Deus ao mundo, elas não são o “conteúdo” do livro, são apenas um dado preliminar.

Nesse contexto tornam-se muito importantes as visões dos capítulos 4 e 5. Se os cristãos devem passar por sofrimentos, é necessário que saibam que, apesar dessas lutas, Jesus está dirigindo os destinos do mundo e dará forças a eles para vencer.

Antes que o sétimo selo seja aberto, temos o capítulo 7. Ele expressa um interlúdio para a abertura do último selo. Isso fornece um caráter dramático ao texto. Deve-se esperar mais um pouco para que o sétimo selo seja aberto e, finalmente, possa-se conhecer o conteúdo do livro.

O capítulo 7 não segue uma ordem cronológica com o capítulo 6, como se, depois da segunda vinda de Jesus, acontecessem os fatos descritos nele. Pelo contrário, fala-se para que não se danifique o planeta até que os servos de Deus sejam selados (v.3). É impossível falar em dano sobre a terra após a segunda vinda de Cristo!

Temos, no capítulo 7, duas cenas: uma na terra (v.1-8), e outra no céu (v.9-17). Na primeira, temos os cristãos sendo selados (v.3), o que significa que eles recebem a marca de Deus, são possessão dEle. Isso lhes dá garantia de que Deus os guardará durante os períodos de sofrimento. O número de “cento e quarenta e quatro mil de todas as tribos de Israel” (v.4) significa, por um lado, um recenseamento que Deus faz, mostrando que conhece exatamente quantos são os seus. Por outro lado, o número indica que são doze mil de cada uma das 12 tribos. Isso é simbólico, e quer mostrar a totalidade do povo de Deus. Não falta ninguém! Esse Israel é o “Israel espiritual” (Gl 6,16; Tg 1,1), a Igreja. Mesmo que ela sofra, Deus a guarda.

Na segunda cena (v.9-17), temos a igreja no céu. Os crentes estão “diante do trono e do Cordeiro” (v.9). São, especialmente, aqueles que têm morrido por seu testemunho (v.14 com 6,9). Para eles é apresentado o término do sofrimento como acontecerá na segunda vinda (v.16-17 com 21,4). Esta imagem é importante para as igrejas da Ásia Menor, onde alguns haviam morrido e outros estariam para morrer, demonstrando o seu destino e sua bem-aventurança ao lado do Senhor.

CONCLUSÃO

Deus está no controle de todas as coisas! Jesus tem o domínio sobre a história. Mesmo que passemos por tribulações, o Senhor nos conhece um a um. Isso deve fazer diferença para nós!

APOCALIPSE: OS SETE SELOS - Cap. 4.1-11



A visão do trono de Deus

v 1: depois de ouvir o conteúdo das cartas às sete igrejas, João volta para seu estado normal de consciência. Ele não está ainda “no Espírito”. Quando uma pessoa tem uma visão, ela ainda pode permanecer sensível ao que se passa ao seu redor. Estevão estava consciente da presença dos homens maus que o apedrejavam quando viu os céus se abrindo e o Filho do Homem em pé à mão direita de Deus (At 7.54-60, Mt 3.16). agora João está atônito, vendo a porta do céu aberta e Jesus lhe chamando: “sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois dessas coisas”. “Depois” aqui significa no futuro.

v 2: “achei-me em espírito”. Certamente o que João está para ver, no céu, será uma visão, não literal. Ele não está vendo que existem coisas como descreverá mais a frente, mas ele descreve sua visão, da forma mais humana possível, ou seja, o que ele vê não é humano, mas ele precisa de expressões humanas para descreve-los.
“O trono”: o termo “trono” aparece 17 vezes nos capítulos 4 e 5. ele não está na terra, mas no céu.ele é santo, separado, único, governamental, soberano.
“O arco-íris”: significa que a tempestade para Seu povo já passou, agora vem a bonança e o renovo.

v 3: “é semelhante no aspecto”. João não diz que o que ele vê assentado no trono “é”, mas “semelhante” (forma humana de expressão) a:
Jaspe: Pedra semipreciosa de várias cores, geralmente marrom ou vermelha, mas também amarela, verde ou branca (Êx 28.20; Ap 21.11).
Sardônio: Pedra semipreciosa alaranjada ou vermelha(Ap 4.3).
Esmeralda: Pedra preciosa de cor verde, muito apreciada desde os tempos antigos (Ap 21.19).

v 4: “Vinte e quatro tronos”: 24 é o número de uma cifra completa, que sugere os doze patriarcas da tribos de Israel (1º)Rúben, 2º)Simeão, 3º)Levi, 4º)Judá, 5º)Issacar, 6º)Zebulom, 7º)Gade, 8º)Dãm, 9º)Naftali, 10º)Benjamin, 11º)Efraim, 12º)Manassés)e os doze apóstolos (
André; Bartolomeu (Natanael); Tiago (Filho de Alfeu); Tiago (Filho de Zebedeu); João; Judas (não o iscariotes); Judas Iscariotes; Mateus; Filipe; Simão Pedro; Simão Zelote; Tomé; Matias (Substituindo a Judas); simbolizando dessa maneira a unidade dos salvos em todos os tempos (Ef 2.11-22) podem ser anjos que participam no governo do universo (Sl 89.7, Is 24-23, Ex 24.11)
“Coroas de Ouro na cabeça”: esse é o simbolismo de que esas pessoas assentadas nos vinte e quatro tronos são vencedoras, receberam a coroa da glória (1Pe 5.4, Ap 3.4-5).

v 5: “Sete tochas”: tochas eram lâmpadas portáteis da época. João tem a visão de algo que se parece com tocha, pois ilumina, clareia. “Sete Espíritos”: o Espírito Santo é apresentado na Bíblia “como fogo” (Ez 8.2, At 2.3). Sete simboliza a plenitude da glória de Deus pela ação de Seu Espírito.

v 6: “Mar de vidro”: simboliza a separação entre Deus e o homem. Cristal: simboliza a glória divina, que somente os fieis, purificados pelo sangue do Cordeiro poderão nele pisar. Quatro seres viventes: pode simbolizar uma figura da grandeza da criação de Deus que incessantemente glorifica ao Criador.

v 7: “Seres viventes”: para entender melhor essa visão, você deve estudar os capítulos 1 e 10 de Ezequiel. Comparando essas duas visões paralelas temos:
·nas duas passagens os seres são chamados de “viventes” (Ez 1.5, Ap 4.6)
·nas duas passagens o número simbólico é o mesmo, “quatro” (Ez 1.5, Ap 4.6)
·nas duas passagens as aparências se identificam: homem, leão, boi e águia. (Ez 1.10, Ap 4.7)
·nas duas passagens eles estão associados ao trono (Ez 1.26, Ap 4.6)
·nas duas passagens o fogo se move de um lado para outro próximo a eles (Ez 1.13, Ap 4.5)
·nas duas passagens eles estão cheios de olhos (Ez 1.18, 10.12, Ap 4.8)
·nas duas passagens um arco-íris cerca o trono (Ez 1.28, Ap 4.3)

Em Ezequiel 10.20 lemos que os seres viventes são “querubins”. Dessa forma, podemos crer que aqui, em apocalipse, esses seres são querubins também. Querubins são uma ordem muito elevada de anjos, os mais poderosos. Eles guardavam as coisas sagradas de Deus (Gn 3.24, Ex 25.20). Dessa forma é razoável que eles estejam tão próximos do trono, no santo dos santos, um lugar da glória de Deus (Ex 25.20).

v 8: “Proclamando”: toda a obra de Deus foi criada com a finalidade de adora-lo eternamente. Tudo que Ele criou foi para Sua própria glória. Assim, tanto na terra quanto no céu, nesse mundo, quanto na eternidade daremos glórias incessantes ao Senhor eternamente, pois para isso fomos criados.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

APOCALIPSE: AS SETE IGREJAS - Cap. 3.14-22


Carta à Igreja em Laodicéia

A cidade de Laodicéia (Denizli Ladik), foi fundada por Antíoco II no século III a.C., e recebeu o nome de sua esposa, Laodice. Era importante e rica quando foi a capital do reino de Lídia ao tempo do rei Creso (550 a.C.), mas entrou em decadência nos séculos que se seguiram, sofrendo duas grandes invasões por negligência das suas sentinelas. Quando esta carta foi redigida, prevalecia nela o culto ao imperador romano. A cidade de Laodicéia situava-se numa importante localidade, à margem do rio Lico. Por causa de sua posição geográfica, era uma cidade comercialmente próspera. Tornou-se uma cidade muito rica mediante as indústrias têxteis. Além disso, era um centro de curas. Certo famoso ungüento para o ouvido, feito de nardo, e um pó para os olhos eram usados em Laodicéia. Men, o deus da cura, tinha um sacrário na cidade. O povo dava grande importância à prosperidade material e à saúde física. Tentavam estabelecer sua civilização sobre o avanço material. Acreditavam que, se tivessem tempo suficiente, poderiam resolver todos os problemas da vida mediante a habilidade e a engenhosidade humanas.

Devido a sua posição, era um centro comercial extremamente próspero, especialmente durante o governo romano. Porém, diferentemente das outras cidades, quando foi destruída por um terremoto, pôde se dar ao luxo de rejeitar o auxílio do Império Romano para a sua reconstrução, em virtude de sua situação financeira privilegiada. Era um importante centro bancário e de troca de moedas. A cidade era rodeada por terras férteis. Seus principais produtos incluíam a lã negra polida e tablóides, ou pós-medicinais.

A cidade tinha uma desvantagem: Nela não havia suprimento de água. A água que chegava até à cidade, vinha através de canos de uma fonte que ficava a certa distância, e provavelmente chegava a seu destino morna. Laodicéia ficava nos arredores de águas termais.
Os habitantes da cidade e os membros da igreja eram intoleráveis. Manifestavam uma atitude orgulhosa, obstinada e vaidosa. Uma frase ficou famosa, pronunciada por um laodicense: “ eu sou rico – de bens espirituais - e sempre vou me enriquecendo, cada vez mais. Tudo que ganhei ainda possuo; e, não tenho necessidade de coisa alguma (v 17).

v 14: Cristo se identifica como: "O Amém, Testemunha Fiel e Verdadeira":
a. A palavra "amém", traz o significado de "assim seja", "é assim". Ela era usada na liturgia judaica e nos cultos de adoração como afirmação de fé na validade, ou veracidade da mensagem que era lida ou proferida. Ao ser aplicada a Cristo, esta palavra significa que Ele é a afirmação da Palavra de Deus. Ele é a própria Palavra de Deus, o Logos Eterno.

v 15: "A tuas obras". Esta Igreja é a única que tem muito pouco para Jesus aprovar. Mesmo suas obras citada por Jesus, não são um sinal de aprovação, mas de desaprovação. "Nem és frio, nem quente": Os crentes desta cidade se assemelhavam a sua própria água. Eram "mornos", isto é, sem ousadia, acomodados, sem entusiasmo, sem vida. Aos seus próprios olhos eram considerados ricos, abastados. Sua indiferença às coisas de Deus trazia um grande desgosto no coração de Deus.

v 16: “vomitar-te”: perto de Laodicéia havia fontes de águas termais, mineral morna e emética (que provoca vômito), e qualquer viajante sedento rejeitaria essa água com nojo. Esse é o desgosto que Cristo sente para com uma igreja espiritualmente morna, pois Ele sabia que a religiosidade dos laodicenses era hipocrisia, fingimento e dissimulação. O vômito é a rejeição violenta de algo ruim.

v 17: os cristãos dessa cidade pensavam que já possuíam tudo e que não precisavam, nem mesmo de Deus. todavia, eles não declaravam isso, mas seu comportamento indicava esse pensamento. É comum nas pessoas abandonarem os caminhos do Senhor, muito comum também, pessoas serem indiferentes com a palavra de Deus, seus ensinos, com o culto, dízimo, ofertas, testemunho e ministério quando em seu coração, se acham afanados de todas as sortes de provisões. Essas pessoas não dizem isso, mas sua espiritualidade falida e opaca revela uma distância de Deus e das suas verdades. "Um infeliz", muitos daquele Igreja supunham que a felicidade é determinada pelo saldo credor na conta bancária, ou pelo acúmulo de posses carnais, que alguém pode dar-se ao luxo de ter. Espiritualmente, porém, eram infelizes. Estavam perdendo o melhor das bênçãos de Deus(Ef 1.3) "Miserável". Não precisavam mendigar o pão, seus filhos eram bem vestidos, tinham bons cuidados médicos, diversões, viagens. Na realidade, porém, eram "miseráveis" espirituais. A miséria é caracterizada pela ausência dos recursos básicos para a sobrevivência de qualquer ser humano. Eles tinham estes recursos, até mesmo em abundância, porém lhes faltavam os recursos espirituais

v 18: "Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças". Tal conselho apontara o ouro puro, em contraste com as riquezas poluídas que possuíam (1 Tm 6.17). "Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento". "Te vistas com vestidos brancos e não apareça a vergonha de tua nudez". Embora aqueles crentes se vestissem com elegância, o que de fato precisavam, era de vestidos brancos o que aponta para a autêntica santidade de vida, a elegância espiritual. As vestes brancas devem caracterizar aqueles que foram lavados pelo sangue de Cristo (Ap 7.9, 13-14). "Te unjas os olhos com colírio e vejas", já vimos que a cidade era produtora de medicamentos, os mais diversos, e certamente produzia vários tipos de colírio. A palavra traduzida por "colírio", é "kollurion" "kollurion" – e se referia a um rolo de pão grosseiro, um tipo de emplasto para tratamento de muitas infecções, inclusive infecções nos olhos. Isto retrata a operação do Espírito Santo, o que dá ao crente visão e discernimento espirituais (Ef 1.18, Mt 6.19-20). Pobre": Este estado é o estado daquele que vive em extrema pobreza e miséria. É o oposto de ser rico. "Cego". Nos países orientais são comuns as enfermidades nos olhos, que levam à cegueira. Laodicéia, contava com uma escola de medicina, sendo produtora de muitos medicamentos. Contava com meios de combate à cegueira física, mas faltavam-lhes recursos para combater a cegueira espiritual(Jo 9.39). "Nu". Laodicéia era famosa por sua indústria de roupas. Os crentes desta cidade, se vestiam com elegância, mas espiritualmente falando, estava nus.

v 19: "Sê pois, zeloso e arrepende-te": Os crentes mornos, são agora conclamados a serem "fervorosos", "quentes", de modo a serem conduzidos a um autêntico arrependimento. Repreendo e castigo a todos quantos amo". Está em foco a disciplina de Deus, que vem sobre os filhos verdadeiros (Hb 12.6-8).

v 20: A porta é a vida do indivíduo, ou da Igreja. Cristo deseja entrar em sua vida para abençoá-lo. Se qualquer indivíduo ouvir a chamada de Cristo e abrir as portas de sua vida para Ele, então Cristo o salvará. Uma igreja(um crente) pode existir apenas de aparência, mantendo um culto formal, faltando o essencial, que é a comunhão com o Salvador. Cristo nos chama para a comunhão íntima com Ele sem formalidades, mas com fidelidade.

v 21: “Ao que vencer, lhe concederei que se assente no trono comigo": Na Palavra de Deus, os vencedores reinarão com Cristo. O trono não é apenas um lugar onde se assenta, mas um símbolo de autoridade.

APOCALIPSE: AS SETE IGREJAS - Cap. 3.7-13


Carta à Igreja em Filadélfia

As únicas referências bíblicas a Filadélfia se encontram no Apocalipse (1:11; 3:7). A cidade de Filadélfia gozava uma localização estratégica de acesso entre os países antigos de Frígia, Lídia e Mísia. Foi fundada pelo rei de Pérgamo, Atalo, cerca de 140 a.C. Ele foi conhecido por sua lealdade ao seu irmão, assim dando origem ao nome da cidade (Filadélfia significa amor fraternal). A região produzia uvas e o povo especialmente honrava Dionísio, o deus grego do vinho. A cidade servia como base para a divulgação do helenismo às regiões de Lídia e Frígia. Foi localizada num vale no caminho entre Pérgamo e Laodicéia. Filadélfia foi destruída por um terremoto em 17 d.C. e reconstruída pelo imperador Tibério. Em alguns momentos de sua história, a cidade recebeu nomes mostrando uma relação especial ao governo romano. Depois de ser reconstruída, foi chamada brevemente de Neocesaréia. Durante o reinado de Vespasiano, foi também chamada de Flávia (nome da mulher dele, e a forma feminina de um dos nomes dele). Atualmente, a cidade de Alasehir fica no mesmo lugar, construída sobre as ruínas de Filadélfia. Estimativa em 2004, era que Alasehir tinha 40.000 habitantes.

v 8: Porta significa, primeiramente, uma maravilhosa oportunidade de pregar o Evangelho, e ninguém poderá impedir. Em segundo lugar, significa a operação da graça de Deus criando ouvidos prontos para ouvir o Evangelho e O receber. (1Co 16.9).

v 9-10: Apesar dos perigos, das zombarias e das perseguições, eles guardaram a palavra com paciência em Cristo. Certamente uma referencia às dores messiânicas, sofrimento e perseguição que cairá sobre o povo de Deus antes da vinda de Cristo (Dn 12.1-2, 10-13, Mt 13.14, 2Ts 2.1-12). Essa provação tingirá os crentes na perseguição do anticristo enquanto os pagãos, “os que habitam sobre a terra”, sofrerão so julgamentos divinos (Ap 13. 7-8, 8.1-9).

v 11: a coroa é o prêmio dado àqueles que vencerem o mundo, dessa forma, são advertidos a se manterem firmes como estavam até o momento, para que o diabo não lhes tomasse, pelas suas próprias atitudes, a coroa da glória (1Pe 5.4)

v 12: Era o costume de homenagear o sumo sacerdote, erguendo em sua memória uma coluna no templo pagão. O Senhor promete a segurança de habitarmos eternamente nos eu santuário, se permanecermos fieis em seus caminhos.

APOCALIPSE: AS SETE IGREJAS - Cap. 3.1-6


Carta à Igreja em Sardes

Sardes foi fundada no 1º século d.C. e era uma das cidades as mais velhas e as mais importantes de Ásia. Sardes foi a capital da Lídia, um dos reinos os mais ricos do mundo antigo. Um terremoto devastou Sardes física e financeira, o maior terremoto onde doze cidades foram destruídas em uma noite. A população de Sardes foi estimada em 120.000. Os persas capturaram Sardes no sexto século e fizeram dela um centro administrativo para a parte oeste do seu império. A famosa "estrada real" conectava Sardes com outras cidades do leste. Nos tempos do Novo Testamento, Sardes foi parte da província Romana da Ásia.
A deusa Ártemis era a principal divindade cultuada em Sardes, tanto como em Éfeso e outras cidades. Ártemis e seu irmão Apolo eram considerados filhos de Zeus e Leto. Nas legendas, Ártemis é sempre pintada como uma pura e virgem caçadora sempre destemida em oposição aos adversários. Como deusa da cidade, ela pode ter sido vista como a deusa mãe, uma provedora de fertilidade e responsável pelos nascimentos. Sardes tinha um templo da deusa Hera, mulher de Zeus. Ela era uma divindade associada com o casamento e a vida da mulher. Demétrio, o deus dos frutos da terra, também tinha um templo em Sardes. Sardes tinha um sacerdócio dedicado a divindade Roma, por volta de 100 a.C. Em 27 a.C. Sardes tentou estabelecer o primeiro templo para César Augusto. Embora sua tentativa inicial fracassasse, a cidade teve seu templo local para Augusto, em 5 a.C. Para mostrar sua devoção à família imperial, a cidade também consagrou um culto a estatua de Augusto, filho de Gaio. Sardes competia pela honra de construir um templo ao imperador Tibério, em 26 d.C., embora o privilégio tenha sido concedido a Esmirna.

v 1: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto.
Sardes gozava de boa reputação, mas não merecida, pois toda a igreja havia contaminado suas vestes. Sardes fracassou em seu dever de ser luz do mundo. Tudo indica que Sardes não era mais incomodada pelos judeus e gentios, pois a Igreja já desfrutava de uma grande paz, mas uma paz de cemitério. A Igreja tinha grande reputação, mas não tinha mais luz, parecia viva, mas estava morta.

v 1: Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer
ainda havia na igreja, quando a carta foi endereçada, algumas pessoas que estavam puras, mantendo a luz de seu castiçal acesa, mas que não duraria muito tempo.

v 2: porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus
As formas estavam lá: as cerimônias, costumes religiosos, as tradições, mas a essência real estava ausente. As formas eram vazias, não havia plenitude de essência. Fé, esperança e o amor estavam ausentes. Não havia realidade. Dentro dos parâmetros humanos, Sardes parecia ser uma igreja esplendida. Diante de Deus ela estava morta.

v 3: Lembra-te, pois
a igreja tinha recebido o evangelho com ardor e sinceridade, precisavam voltar à vida de obediência ao evangelho como lhes fora pregado antigamente.

v 3: virei como ladrão
simbolismo de uma vinda súbita para julgar a igreja, quando menos ela esperava. (Mt 16.15, Lc 12.34, 1Ts 5.2, 2Pe 3.10)

v 4: umas poucas pessoas
esses indivíduos eram conhecidos nominalmente pelo Pai celestial. Eram conhecidos individualmente, cada um à parte por Deus. Esses diferentemente dos outros, não se contaminaram com o mundo.

v 5: O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas
há um contraste entre as roupas coloridas produzidas pelas indústrias locais, e o revestimento espiritual que Deus dará aos que, fiel e puramente, se mantêm livres da contaminação pagã. Os fiéis serão honrados na presença do Senhor. Receberão suas vestiduras brancas que simbolizam santidade, pureza, perfeição e alegria (Is 61.10, Ap 19.8).

v 5: modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida
O simbolismo “o livro” foi tirado do conceito do registro divino dos membros do povo de Deus (Ex 32.32) e o registro dos cidadãos do Império Romano do qual um nome poderia ser apagado. Nos livros humanos (romano) o nome de uma pessoa poderia ser apagado, e seu registro cassado. No livro de Deus, os fiéis jamais terão seus nomes retirados, mas esse registro firmará sua entrada na Nova Terra. Quando os cidadãos terrenos morrem, seus nomes são apagados dos registros; já os nomes espirituais daqueles que vendem o mundo, jamais serão apagados do livro da vida. Esse será confessado pelo próprio Cristo diante do Pai e dos anjos. (Mt 10.23, Lc 12.8-9)

APOCALIPSE: AS SETE IGREJAS - Cap. 2.18-29


Carta à Igreja em Tiatira

Tiatira era um centro comercial na Ásia Menor (moderna Turquia). Estava localizada num fértil vale no qual passavam rotas de comércio. Embora destruída por um terremoto durante o reino de César Augusto (27 a.C.-d.C. 14), Tiatira foi reconstruída com a ajuda Romana.
Principal Divindade

A principal divindade de Tiatira era Apolo Tirimaeus. Os títulos dados a essa divindade eram associados com o poder do sol. Na imagem mostrada aqui, o deus está em pé à direita, cumprimentado o imperador. O deus segura um machado para mostrar seu poder na guerra.

Culto ao Imperador

Tiatira não tinha um templo provincial para um imperador no primeiro século, mas o culto local a César Augusto era praticado antes de 2 a.C. A cidade tinha uma boa razão para honrar ao imperador. Durante o reino de Augusto (27 a.C - 14 d.C), a cidade foi destruída por um terremoto e reconstruída com a ajuda romana.

· Alguns judeus provavelmente viveram em Tiatira no primeiro século a.C., embora o tamanho da comunidade não seja conhecido. Lídia, a comerciante de Tiatira, era uma seguidora de Deus antes de encontrar Paulo em Filipos, o que provavelmente indica que era judia (Atos 16:14). Uma inscrição do terceiro século d.C. menciona uma "casa de sábado" próxima à cidade, o que sugere a habitação de judeus nas proximidades. Embora comunidades judias em algumas cidades da Ásia fossem hostis aos cristãos, o Apocalipse não diz nada sobre isso em Tiatira.

· A cidade de Tiatira ocupava uma posição importante no sistema rodoviário de Roma, uma vez que estava situada na estrada que vinha de Pérgamo, a capital dos romanos. Era ligada também por estrada a Laodicéia, e daí para as províncias orientais. Constituía-se numa importante junção entre estas cidades para o livre comércio.

· Comercialmente, Tiatira era de grande importância, pois havia ali indústrias de tinta, roupas, artigos de cerâmica, além de apetrechos de bronze. Mas politicamente, a cidade não conseguiu se destacar, sendo considerada a cidade de menor influência política dentre todos as que receberam cartas.

· Assim como nas cidades já vistas, havia também em Tiatira templos a vários deuses, como por exemplo: Apolo, Tirimânios, Artemis, além de um santuário a Sambate, uma sibila (uma espécie de oráculo ocidental). Embora a igreja cristã tenha tido progressos em seu início, pouco a pouco o Montanismo (uma seita anti-cristã, que dava ênfase à segunda vinda de Cristo, com profecias falsas. Montano, o fundador do movimento contava com o auxílio de duas profetizas – Prisca e Maximila), foi ocupando grandes espaços quase chegando a sufocar a igreja. A igreja de Tiatira desapareceu completamente no século II.

· Um fato digno de nota é que a primeira convertida na Ásia foi uma mulher de Tiatira, Lídia, que provavelmente fosse uma agente da indústria têxtil, uma vez que nós a vemos em Filipos vendendo suas mercadorias de púrpura, suas lãs tingidas, At 16.14, "Certa mulher, chamada Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos escutava; o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia".

v 18: os olhos como chama de fogo: os olhos do Senhor enxerga e ilumina todas trevas. Não há nenhuma obra que feita às escuras que escapam aos olhos do Senhor. O Senhor expõe as obras dos homens que são realizadas nas trevas (1Co 4.5);
os pés semelhantes ao bronze polido: Uma discrição da força, da estabilidade do reinado de Cristo, e o suporte dado ao povo de Deus quando passam por provações. A base em que está firmado a Igreja do Senhor é inabalável, forte, resplandecendo a glória da vitória e da força do Senhor Jesus.

v 19: O Senhor elogia tudo quanto é digno de recomendação na igreja: as obras, amor, fé, ministério, amor ao serviço, perseverança. Era uma igreja luz para o mundo.

v 20: A igreja de Tiatira era fiel no exercício de seu ministério, todavia fracassava no exercício da disciplina acerca dos membros que faziam compromisso com o mundo. Havia na igreja pessoas que partilhavam suas vidas com práticas das trevas, e ensinavam outros membros da igreja ao mesmo comportamento. Essas pessoas eram chamadas de Jezabel (sig: Sem Marido?Sem Nobreza? Filha de Etbaal, rei de Sidom. Acabe se casou com ela e dela teve um filho chamado Jorão (1Rs 16.31; 2Rs 3.1; 9.22). Promoveu o culto a Baal, matou os profetas de Javé e obrigou Elias a fugir (1Rs 18.4-19.18). Tomou a vinha de Nabote para Acabe (1Rs 21). Foi morta 11 anos depois por ordem de Jeú, e os cães comeram a sua carne (2Rs 9). Em Ap 2.20 Jezabel é o símbolo de alguém que leva as pessoas a adorarem deuses pagãos, ao materialismo e à promiscuidade.

v 21: arrependesse: o Senhor, pela Sua eterna misericórdia dá aos membros da Igreja que praticam obras de Jezabel oportunidade de arrependimento e de mudança de comportamento.

v 22: a prostro de cama: o Senhor enviaria uma enfermidade, e sob provações de enfermidades sofreriam até que se arrependessem de suas más condutas pecaminosas.

v 23: Matarei os seus filhos: os filhos daqueles que praticam as obras de Jezabel morrerão violentamente;
vos darei a cada um segundo as vossas obras: bem como os que compartilham de suas obras, mesmo não as praticando, serão punidos.

v 24: as coisas profundas de Satanás: uma alusão às seitas secretas com corpo de doutrina esotérica, fingindo que só eles que recebem uma revelação particular de Deus, mas na verdade, são de Satanás. Muitas revelações trazidas à igreja não provinham de Deus, mas de Lúcifer, falavam de paz em tempos de guerra, salvação em tempos de perdição, de vitória em meio à derrota, de comunhão com Deus, em tempos de separação. (Mq 3.5)
Outra carga não jogarei sobre vós: sobre aqueles que permanecem fiéis ao Senhor, Cristo não imporá nenhuma carga nova (At 15.28-29). Em Sua relação com o mundo, devem tomar cuidado para não praticar fornicação, idolatria, materialismo e algo oculto, pois tudo será revelado.

v 25: conservai o que tendes: a fé e a doutrina que receberam dos Apóstolos, bem como o testemunho da salvação no Senhor Jesus;

v 26-27: eu lhe darei autoridade sobre as nações - com cetro de ferro as regerá: no momento, o mundo oprime os crentes fieis que conservam suas práticas e consciência limpa. Pouco a pouco o membro da igreja que permaneceu fiel ao Senhor irá governar, com Ele, o mundo, sendo aliado a Cristo no Juízo final, condenando o pecador sem arrependimento. O vencedor compartilhará do domínio com Cristo sobre as nações. Os vasos de iniqüidade serão quebrados, destruídos, e os justos reinarão com Cristo, governando a Nova Terra.

v 28: dar-lhe-ei ainda a estrela da manhã: A estrela da manhã é um símbolo do próprio Cristo (22.16). Assim como a estrela da manhã governa os céus, também os crentes reinarão com Cristo para sempre, brilhando o mundo com sua luz eterna.