sábado, 6 de junho de 2009

PG - PORQUE DEUS AMOU A CIDADE


"Porque Deus amou ‘a cidade’ de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna."(Jo 3.16)

Amar a cidade. Parece utopia! Todavia basta um olhar despreconceituoso para a Escritura e veremos que a ação de Deus, desde o início foi uma ação urbana. Em Gn 4.17 encontramos pela primeira vez menção da palavra ‘cidade’, e a partir daí encontramos: Cidade AT/NT: 774 vezes; Vilas AT/NT: 11 vezes; Aldeias AT/NT: 82 vezes; Aldeia AT/NT: 14 vezes.

O Senhor Jesus nasceu numa cidade, cresceu nela, desenvolveu Seu ministério em cidades, enviou seus discípulos às cidades, instituiu Sua igreja na cidade, e deu ordem a todos os conversos para cuidarem da sua cidade. Deus criou o homem um ser sociável, e por isso ele depende da cidade, das pessoas da cidade para viver. Assim, vemos o amor de Deus, bem como Seus olhos repousados sobre tudo o que se passa na cidade, suas alegrias, festas, suas misérias e dificuldades.

Certa vez um irmão disse: “pastor eu sinto tanto ver aquelas pessoas faveladas, não tendo o que comer, o que vestir, não tendo onde morar e sem saúde!” Esse é o sentimento que toma conta do coração de muitas igrejas. Elas se condoem, e até choram quando ouvem falar dos problemas que vivem a maioria das pessoas à sua volta. A igreja está na cidade (Jo 17.15), e essa cidade vive numa esfera de miséria, fome, nudez, doença, choro e morte. Mas o sentir muito não faz parte do dicionário de Deus. Sentir muito não mata a fome, veste uma roupa, trata a saúde e não seca as lágrimas.

O Senhor Jesus foi um heróico lutador contra a desigualdade e por uma cidade melhor. Os reformadores também promoveram a reforma da igreja pensando numa cidade melhor para o povo viver. Essa tarefa de lutar por uma cidade melhor é também nossa hoje. Deus amou a cidade! isso é ótimo! Cristo amou e morreu pela cidade! Maravilhoso! Os reformadores morreram por um ideal mais justo! Parabéns! todavia pergunto: o que a igreja está fazendo hoje? O que significa para a igreja do século XXI, trilhando o terceiro milênio, o amor de Deus, a morte de Cristo e o sacrifício dos reformadores? Se não amamos nossa cidade, anulamos em nós, tudo que eles fizeram por ela.

O evangelho, desde o seu início anuncia as boas novas de salvação, mas não uma salvação que estava longe, lá na vida eterna, mas salvação que começava a fazer a diferença na vida pessoal ali mesmo, a partir do encontro com Cristo. Jesus e seus discípulos andavam de Norte a Sul, de Leste a Oeste anunciando que o Reino de Deus já estava entre o povo, na cidade, e que seus moradores já podiam desfrutar de uma salvação, vida eterna, do amor () ágapê de Deus, de Sua compaixão e misericórdia na esfera do já-agora. Com o passar do tempo a igreja manteve na íntegra esses princípios de evangelização. Ela se dedica quase a totalidade de seus serviços a pregar o que Jesus pregou. Contudo, há uma diferença entre a igreja de hoje e o Jesus de ‘ontem’. Pregamos o que Ele pregou, mas não vivemos ministerialmente o que Ele vivenciou em Seu ministério.

Como já disse, hoje ensinamos o que Jesus ensinou, mas não vivemos como Ele viveu. Ele estava na cidade, no povo, nos problemas deles. Não podemos negligenciar o fato de que “o próximo está na cidade: tem fome, tem história, tem cor, tem gênero, é um ente real. Como poderíamos viver o ideal evangélico de amor/serviço fora da cidade?”{Clóvis P. de Castro}. O evangelho de hoje está totalmente desprovido, com raras exceções, do ver, de compaixão, do compadecimento, e do estender as mãos. Ignorar as necessidades do próximo é ignorar a real presença de Deus na cidade. Mas, infelizmente, ser diferente hoje em dia é justamente aquele que tem o hábito de estender suas mãos a um necessitado.

Porque Deus amou a cidade, nós também, como seus súditos, devemos amar nossa cidade com um amor sacrificial. Quando Jesus Cristo nos deu a grande comissão Ele disse: ”mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto na cidade de Jerusalém como em todas as cidades da Judéia, da Samaria e até aos confins da terra”(At 1.8). diante disso, concluímos que recebemos poder somente quando o Espírito Santo repousa sobre nós. Quando isso acontece é porque há algo a ser feito: ser testemunha dos atos, das ações e das palavras de Jesus; uma tríade inseparável e indissolúvel num ministério segundo o modelo de Cristo. O poder que recebemos não tem outro motivo a não ser para testemunhar com nossas ações práticas “o Nazareno, que era varão profeta, poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo...” (Lc 24.19).


Rev Pevidor

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