quarta-feira, 27 de maio de 2009

PG - ONDE ESTÁ O FUTURO?

“Edificai vós cidades para as vossas crianças” (Nm 32.24).



O Brasil é um país muito rico em matas, minerais, cultura, território e em igrejas. Certamente podemos viver alheios às catástrofes financeiras de outros países. Deus não é brasileiro, mas podemos perceber sua mão abençoadora sobre esse país, que até poderíamos compara-lo a um paraíso terrestre. Temos tudo de bom para a sobrevivência e desenvolvimento humano. Temos também a falta de tudo que é ruim em muitos outros países: furacões, vulcões, tornados, terremotos, maremotos, secas, nevascas, etc. Temos um país onde tudo que se planta dá, onde podemos produzir frutas de regiões tropicais, e no mesmo país, produzir frutas de regiões gélidas.

Temos a maior mata tropical do mundo, o pulmão do planeta azul. Temos também a maior quantidade de rios e águas doces, espécies de animais, plantas medicinais e uma terra abençoada por Deus em que, mesmo Portugal se enriquecendo com os Brasilis Minerais, ainda nos restou uma riqueza capaz de fazer de nossa terra um oásis no planeta terra.

A despeito de tanta riqueza brasileira, percebemos que sua população cada vez mais está vivendo como se morasse no deserto. Essa semana tivemos uma chuva de pedras grandes em nossa cidade. Meu teto parecia que ia desabar. Quando a tempestade passou, fui até meu jardim e, enquanto caminhava entre aquele camada branca de gelo, pensava como havia passado por essa tempestade aquelas pessoas que viviam em lonas, nas ruas, nas sarjetas. No dia seguinte, fui ao Projeto Coletores de Papel que desenvolvemos em nossa cidade, e conversava com alguns dos coletores sobre o temporal, e a grande maioria estava sem teto, destruído pelas pedras, e o pouco que possuíam, perderam.

A riqueza brasileira poderia muito bem mudar a realidade da maioria da população brasileira. Quando olhamos para essas riquezas, vemos que elas poderiam ser mais bem utilizadas para o desenvolvimento humano do ser humano que Deus colocou nesse belo e rico país. Todavia, a riqueza que mais poderia fazer algo pelas pessoas desse país, são as igrejas nele implantadas. São diversas, de diferentes doutrinas e linhas teológicas, de templos suntuosos, e taperas de adoração, ricas e pobres; mas um Deus existe apenas, e se todas são adoradoras do mesmo Deus Criador, elas tem o maior sustentador que a humanidade pode ter. aquele que provê todas as necessidades humanas, o grande Yhaweh.

O governo brasileiro detém uma grande riqueza nas suas mãos. Todavia vivem e governam como medíocres e derrotados, dependentes de um país que insiste em manter, quem eles querem, na miséria, dependentes deles. Da mesma forma, a igreja brasileira detém uma grande riqueza nas mãos, e tem ao seu lado o mais poderoso Ser, o Grande Eu Sou (hyh), aquele que está atento às suas orações. Todavia, vemos uma igreja que vive como derrotada, que desconhece seus valores espirituais, e que, como conseqüência, descuida daqueles que estão à sua volta. Essa prática implica em condenação e desgraça eterna àqueles que abandonam o pobre em detrimento de seu bem estar. Em Mt 25.41-45 Jesus diz: “Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não fostes ver-me. E eles lhe perguntarão: Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, forasteiro, nu, enfermo ou preso e não te assistimos? Então, lhes responderá: Em verdade vos digo que, sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer.”

Diante disso, volto ao texto inicial e pergunto: Que cidade estamos edificando para nossas crianças?, que futuro estamos edificando para as crianças brasileiras. A conduta humanitária brasileira está criando expectativas futuras para elas?, o investimento nos estudos de agora darão base para um futuro melhor? Se o país é tão rico, onde está a aplicação dela?

Os governos têm sido corruptos, e em nada se preocupado em construir uma cidade para nossas crianças; o povo brasileiro tem se acovardado diante das injustiças sociais praticadas em nosso Brasil; e a igreja, essa tem se silenciado, se preocupando com uma salvação eterna, se esquivado e se esquecendo de que a salvação é, antes de ser eterna, presente, aqui e agora, àqueles “mais pequeninos” que Jesus deixou em seu contexto urbano próximo e distante.

Vamos desistir ou vamos insistir? Depende de você e eu, individualmente ou coletivamente começarmos uma luta para a salvação presente daqueles que, quem sabe no meio deles encontraremos o Rei dos reis, excluído, miserável, pobre e simples pequenino.


Rev. Pevidor

quinta-feira, 14 de maio de 2009

INOVAÇÃO NA HORA DE EVANGELIZAR




Muitas são as maneiras usadas pelas igrejas a fim de espalhar as boas novas de Deus. No entanto, a mais comum são os folhetos. Eles tratam de diversos temas, chamando para a igreja a pessoa aflita, enferma, solitária, etc. Apesar de ser o mais utilizado o método encontra barreiras, entre outras, no analfabetismo. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) cerca de 14 milhões de brasileiros com idade superior a 15 anos não sabem ler nem escrever. Além disso a banalização dos folhetos faz com que as pessoas não dêem atenção ao que recebem. E muitas vezes elas acabam jogando fora antes mesmo de ler.

Em Curitiba, o Pastor Alexandre Pevidor resolveu inovar na maneira como propaga o evangelho. Depois de enviar cartas convidando os vizinhos a conhecerem sua igreja, tática que resultou na conversão de uma família inteira, a instituição começou a produzir e distribuir folhetos eletrônicos.

Os dvd´s são gravados na igreja, nos parques e pontos turísticos da cidade. A idéia foi do próprio pastor. “Este projeto missionário urbano surgiu da necessidade de alcançar as pessoas com um modelo de evangelismo moderno, atraente e eficaz, uma vez que os brasileiros lêem pouco, mas assistem muita televisão”, conta. Uma pesquisa realizada pelo IBGE em 2005, revela que 90% dos lares do país possuem ao menos um aparelho de tv. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), os brasileiros vêem televisão aproximadamente 5 horas por dia. “Pensando nisso, iniciamos este projeto que é um instrumento massivo de evangelização, quebra barreiras, entrando nos lares indistintamente, utilizando uma linguagem pessoal, não frio como o papel”, completa Pevidor.

A distribuição dos dvd´s é gratuita e fica por conta dos membros da igreja, que, juntamente com voluntários, financiam o projeto. “Produzimos cópias e deixamos no salão da igreja, à disposição para que levem quantos quiserem e façam missão, presenteando aquelas pessoas que desejam evangelizar”, diz. Além disso os visitantes também recebem um dvd de presente quando são apresentados no final do culto.


Um membro da igreja conta que tem distribuído as mídias no local onde trabalha. “ Muitos amigos elogiam a mensagem e pedem mais dvd´s. Sendo assim a semente está lançada”, destaca. o Pastor Alexandre Pevidor conta ainda que a cada mês centenas de pessoas estão sendo evangelizadas. “Temos atingido em média mil pessoas por mês. Algumas delas já vieram conhecer a igreja porque receberam o DVD em casa. As sementes são plantadas, os frutos virão, certamente”, afirma.

Até o fim deste ano, os jovens da igreja preparam uma ação de distribuição em massa dos dvd´s na região onde está localizada. Além disso a igreja busca recursos para produzir 10 mil cópias que serão distribuídas gratuitamente nos terminais de ônibus dos bairros próximos à igreja. Caso alguém tenha interesse em patrocinar o projeto missionário urbano, conhecer melhor o projeto ou ainda adquirir os dvd´s, pode entrar em contato com o pastor Alexandre Pevidor através do e-mail alexandre_pividori@hotmail.com

LEGENDAS:

Foto 1: Na hora da apresentação, visitantes ganham dvd de presente

Foto 2: Pastor Alexandre produz os dvd´s que são distribuídos gratuitamente

terça-feira, 5 de maio de 2009

PASTOR OU EMPREGADO?


Estamos em um novo século. Tudo é muito novo e se transforma em uma rapidez sem igual. Vemos a transformação da arquitetura, da ciência e da tecnologia, vemos as mudanças no comportamento humano, no clima e na sociedade em geral.

A igreja cristã faz parte desta sociedade, composta por pessoas sociais, e portanto, inerente a todas essas transformações. Eu acredito que a igreja deva evoluir com o tempo. Esta evolução não se caracteriza em mudanças teológicas doutrinárias, mas na forma de encarar sua ação e o desenvolvimento ministerial na igreja e no mundo. Eu sou de um tempo em que a grande discussão na igreja era se deveríamos usar bateria ou não, se aprovaria o uso da guitarra ou se continuávamos apenas com o amônio tocado a pedal. Parece sem sentido, mas nas décadas de 70 e 80 este era o grande conflito nas igrejas, a abertura para instrumentalização na igreja, até então vistos como “coisa do diabo (guitarra, bateria e palmas)”. Hoje as discussões são mais modernas e sobre elas eu quero escrever algumas linhas.

Lembro-me de meus avós, do quanto se dedicaram ao sagrado ministério. Eram homens dedicados e fieis ao seu chamado. A igreja se reunia e todos caminhavam com “alegria e singeleza de coração”. A igreja era unida, alegre, havia comunhão e grande parte do trabalho pastoral era visitar os crentes e preparar suas mensagens para o culto. Ele eram pastores!

Há alguns dias ouvi uma frase que me levou a essa reflexão: “O pastor é o empregado da igreja”, esbravejou um jovem. Será que este é o tempo da mudança? Esta é a hora da mudança dos termos: vocação X profissão, pastor X empregado, côngruas X salário, igreja X empresa?

A grande questão aqui relacionada não diz respeito ao termo em si, mas aos valores empregados nos relacionamentos dentro da igreja contemporânea. Aconselhamentos, advertência e disciplina pastoral eram atitudes comuns na antiga (décadas de 70 e 80) igreja, era algo comum e aceitável com louvor o zelo pastoral na vida dos fieis. Na igreja contemporânea os membros de uma igreja não aceitam mais a interferência em suas vidas de qualquer pessoa, sequer alguma interferência pastoral. Se o pastor age assim é tido como intruso, e a principal ameaça é sair da igreja.

Na igreja contemporânea as pessoas querem seguir seu próprio estilo de vida, sem qualquer ameaça. Frequentam uma determinada igreja sem nem mesmo saber a história daquela denominação, simplesmente estão ali, até serem “contrariadas” e mudarem de igreja.

Mas, voltando ao nosso assunto central, percebemos que uma migração de valores está acontecendo neste exato momento. Igrejas surgem a cada dia com o nome de igreja, mas com o ideal empresarial. Uma empresa com nome de CNPJ de igreja é isenta de vários impostos, e, principalmente, está livre do leão (Receita Federal). As empresas eclesiásticas querem ser empresas, mas querem contratar pastores, sim, pois eles recebem côngruas e não salários. Estas empresas não terão obrigações contratuais com um empregado, pois, mesmo sendo empresa, elas têm o CNPJ de igreja, por isso não tem obrigações com empregados, pois, eles são “pastores” para trabalhar, não empregados.

Por fim, cabe aqui a discussão: pastor ou empregado? Como a igreja deve ver a pessoa que assume o ofício pastoral na igreja local? Segundo o STJ, “o vínculo de pastor com Igreja pode ser caracterizado como relação de trabalho. Apesar de não ser uma relação empregatícia, as atividades que pastores exercem em Igrejas podem ser consideradas como trabalho. Essa foi a decisão da Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que seguiu, por unanimidade, o voto do relator, ministro Humberto Gomes de Barros, em um conflito de competência da Justiça de Santa Catarina[1]”. O STJ está muito preocupado com a realidade dos pastores. Obviamente, tê-los como empregados, implicará em obrigações das leis trabalhistas como: carteira assinada, FGTS, horas extras, adicional noturno e demais direitos trabalhistas. A nossa constituição Federal, quis diferenciar os direitos assegurados à categoria dos empregados:
Art. 7º: IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
XXIV - aposentadoria;
[2]

Mas...voltando para nossa discussão, a quem interessa ter pastores ou empregados? Será retrogrado reconhecer as pessoas que lidam no sacerdócio como “vocacionados, chamados, ministérios, ou, simplesmente, pastores(as)” ou essas pessoas tem realmente o direito de um trabalhador comum, com seus deveres como funcionário da igreja local, bem como seus privilégios nos termos da lei? Realmente, diante da crise cristã que vivemos, não sei responder.

Meus avós foram pastores. Hoje não sei o que seriam. Precisamos refletir no que é a igreja, ou no que tem se tornado a igreja para nossa geração. Uma representante do Reino de Deus, encarregada de levar o Evangelho aos pecadores, um local de harmonia, onde se pratica os sagrados ensinos bíblicos como o Apóstolo Paulo nos ensina: “Portanto, meus irmãos, por causa da grande misericórdia divina, peço que vocês se ofereçam completamente a Deus como um sacrifício vivo, dedicado ao seu serviço e agradável a ele. Esta é a verdadeira adoração que vocês devem oferecer a Deus. Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele. Por causa da bondade de Deus para comigo, me chamando para ser apóstolo, eu digo a todos vocês que não se achem melhores do que realmente são. Pelo contrário, pensem com humildade a respeito de vocês mesmos, e cada um julgue a si mesmo conforme a fé que Deus lhe deu. Porque, assim como em um só corpo temos muitas partes, e todas elas têm funções diferentes, assim também nós, embora sejamos muitos, somos um só corpo por estarmos unidos com Cristo. E todos estamos unidos uns com os outros como partes diferentes de um só corpo. Portanto, usemos os nossos diferentes dons de acordo com a graça que Deus nos deu. Se o dom que recebemos é o de anunciar a mensagem de Deus, façamos isso de acordo com a fé que temos. Se é o dom de servir, então devemos servir; se é o de ensinar, então ensinemos; se é o dom de animar os outros, então animemos. Quem reparte com os outros o que tem, que faça isso com generosidade. Quem tem autoridade, que use a sua autoridade com todo o cuidado. Quem ajuda os outros, que ajude com alegria. Que o amor de vocês não seja fingido. Odeiem o mal e sigam o que é bom. Amem uns aos outros com o amor de irmãos em Cristo e se esforcem para tratar uns aos outros com respeito. Trabalhem com entusiasmo e não sejam preguiçosos. Sirvam o Senhor com o coração cheio de fervor. Que a esperança que vocês têm os mantenha alegres; agüentem com paciência os sofrimentos e orem sempre. Repartam com os irmãos necessitados o que vocês têm e recebam os estrangeiros nas suas casas. Peçam que Deus abençoe os que perseguem vocês. Sim, peçam que ele abençoe e não que amaldiçoe. Alegrem-se com os que se alegram e chorem com os que choram. Tenham por todos o mesmo cuidado. Não sejam orgulhosos, mas aceitem serviços humildes. Que nenhum de vocês fique pensando que é sábio! Não paguem a ninguém o mal com o mal. Procurem agir de tal maneira que vocês recebam a aprovação dos outros. No que depender de vocês, façam todo o possível para viver em paz com todas as pessoas. Meus queridos irmãos, nunca se vinguem de ninguém; pelo contrário, deixem que seja Deus quem dê o castigo. Pois as Escrituras Sagradas dizem: “Eu me vingarei, eu acertarei contas com eles, diz o Senhor.” as façam como dizem as Escrituras: “Se o seu inimigo estiver com fome, dê comida a ele; se estiver com sede, dê água. Porque assim você o fará queimar de remorso e vergonha. Não deixem que o mal vença vocês, mas vençam o mal com o bem.”[3]

Acredito que estas não deveriam ser nossas preocupações, não eram as de Jesus. Fico preocupado, pois isso mostra claramente que o cristianismo evangélico está caindo nos erros do cristianismo da Era das Trevas, ou do “século escuro, de ferro e de chumbo”[4] de onde partiu o total declínio da igreja por causa do pecado, da soberba, da falta de espiritualidade e da vontade humano sobreposta à Palavra de Deus. Quem sabe não estamos caminhando para uma nova reforma, agora não católica X protestante, mas evangélica X ?.

É hora dos cristãos evangélicos repensarem o seu papel de igreja. Serem cristãos evangélicos na palavra e no comportamento, sem brechas para satanás minar e destruir a igreja. Enquanto as discussões tomam o tempo da igreja, milhares de vidas seguem, sem rumo em um mundo perdido e escuro pelo pecado, enquanto a igreja evangélica se divide em opiniões baratas e humanistas, as seitas, o demonismo e a Nova Era se fortalece e cresce, doutrinando aqueles que Jesus colocou no mundo para que fossem cuidados, amados e doutrinados pela igreja evangélica.

No amor de Cristo.

Pastor Alexandre Pevidor

[1] www.stj.gov.br
[2] Constituição Federal
[3] Romanos 12.1-21
[4] A Era das Trevas, Justo L. Gonzales, pg 177. Ed. Vida Nova, 1991.