segunda-feira, 6 de abril de 2009

PG - GUETOS E CHIQUES


A violência gera violência! Todos sabemos disso. Todavia a violência que presenciamos hoje em dia nos tele jornais não é resultado apenas de uma violência primária. Nem todos que são criados em ambientes violentos, sofrendo violência, sendo o ‘produto’ de um meio violento são criminosos ou violentos. Se fosse assim, filho de peixe, seria outro peixe.

A teoria para essa causa é conhecida por todos, mas também ignorada por todos. A riqueza nacional é tão vasta quanto a ganância daqueles que detém o poder; e em meio a um país tão rico,vemos o contraste de uma população miserável. Entre ela, vemos o favelado que, nas entrelinhas dos dicionários é sinônimo de bandido, marginal, desalmado... Mas, eles são criminosos ou vítimas? Onde está o maior criminoso, na favela? Talvez encontramos um maior número deles (as) nos condomínios fechados!

Foi assim nos tempos de Jesus. Muitos viviam dentro dos muros da cidade, outros viviam fora dos muros da cidade. Mas eles queriam assim? Não, eram obrigados aos guetos, enquanto os chiques, viviam na segurança dos muros da cidade. O deserto não era lugar para qualquer um, por isso não só os que eram obrigados a viverem lá eram ignorados, como os que, por opção, amor e abnegação para lá iam, também sofriam a segregação como o foi João Batista, a “Voz que clama no deserto”.

Mas, o que é um crime? O que gera um crime? Creio que se seu filho convivesse em escola pública, vendo outras crianças em escolas particulares; comendo pão dormido, enquanto outros se alimentam de finos manjares; sentido o frio da manhã, enquanto outros se aquecem com jaquetas de couro; andando quilômetros a pé, e vendo carros importados com cães nas janelas; imaginando ser um catador de papel, enquanto outros caminham para a maestria; subindo os morros, e outros elevadores; conhecendo armas, e outros internet; vendo a vergonha da mãe nos corredores de hospitais, enquanto outros são chamados pelo nome por ‘seus’ médicos; vendo o pai humilhado por traficantes, enquanto outros pais são condecorados em festas finas, etc, etc, etc, ele seria um criminoso também.

A violência não gera criminosos. A segregação, má distribuição de renda, desigualdade e falta de oportunidades de uns em face das bem aventuranças de outros tão próximos, isso sim, gera violência e criminosos. Por isso digo que os criminosos não são os que a sociedade chama de bandidos, eles na verdade são vítimas da sociedade composta de pessoas tão iguais fisicamente, mas tão diferentes economicamente.

Somente se torna difícil acabar com a criminalidade, porque para isso precisaríamos mexer nos níveis econômicos. Descer os que estão no nível muito alto, para que, com essa parte de "sobra", elevasse os que estão no nível tão baixo. Assim todos seriam iguais. Parece utopia, mas é mais fácil chamá-los de criminosos, mantendo-os nos guetos que nós mesmos criamos; mais fácil gastar dezenas de milhares em dinheiro para blindar nossos carros, do que formar academicamente uma daquelas crianças; é mais fácil e até necessário que assim seja, pois, muitos estão no nível tão superior na vida porque precisaram das costas dos que estão abaixo, e, para se manterem lá, precisam de mais costas ainda.

Somos criminosos quando vemos tudo isso e não fazemos nada para mudar. Somos criminosos quando silenciamos nossa voz, e ensurdecemos nossos ouvidos ao clamor que vem dos guetos, mas ouvimos a alegria quem vem dos chiques.

Rev. Pevidor

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