quinta-feira, 30 de abril de 2009

PG - O POBRE E O REI


Quem é pobre por opção? Ainda não conheci nenhum. Todavia conheço centenas de pobres às margens de uma sociedade tão rica. Eles são famintos, desnudos, sem teto, sem terras, sem comida, sem dignidade, sem direitos.

Várias são as entidades envolvidas no cuidado do pobre. Movimentos diversos que dizem lutar pelos direitos dos pobres, mas grande parte deles são aproveitadores, não passam de urubus da miséria do próximo.

Quem é o próximo? Ele existe? Há! Sim! Ele existe para sustentar as campanhas políticas, os salários dos governantes e o sucesso de projetos humanitários que tem como único objetivo a promoção de seus inventores, ou seja, uma finalidade política. Aqui os encontramos, os pobres!

Porque a miséria nordestina nunca acaba? São estados, na maioria bem pequenos, aparentemente de fácil administração, mas, parece que nossos políticos são incapazes de resolver os "pequenos" problemas, e passam meses discutindo problemas ainda menores da nação. Quando vemos fazendas nordestinas, compradas por agricultores gauchos, e que produzem ricamente as melhores frutas na nação, e diga-se de passagem, nenhuma delas, pela grande qualidade fica na terra brasilis, mas é vendida ao exterior, pois os brasileiros se acostumaram a viver de sobra e de "porcaria", paro para pensar: se os gauchos conseguem produzir nas terras nordestinas, o que falta para que os próprios nordestinos vivam e sobrevivam da sua seca terra? Claro que os currais eleitorais desabariam à medida que aquele povo sofrido recebesse educação e comida. Porque o continente africano é esquecido das Organizações Mundiais, dos governos das nações ricas? Ás vezes não paramos para pensar que as grandes indústrias bélicas se concentram nas nações mais ricas do mundo, e sempre vemos pobres e famigerados africanos se matando em guerrilhas sem fim, com armas produzidas nos ricos países.

A Igreja Cristã Católica e Protestante faz parte desse meio. Ricas e pomposas, com canais abertos e fechados de tv, com os Shows da Fé, as Vitórias em Cristo, as Igrejas do 'Poder', mas ainda em uma nação com problema Universal que ninguém quer resolver: as diferenças. Igrejas com templos suntuosos, com imagens riquíssimas, com altares de ouro fino e com um orgulho acima de toda riqueza dessa rica terra de um pobre povo. No seu contexto não há pobre. Pobre Jesus! Missionário do Reino de Deus com ricas igrejas, mas pobres espíritos. Onde sentaria Jesus nos orgulhosos templos do terceiro milênio? Quem disse que Ele sentaria ali? Sei não! Ali não assenta pobre, apenas Pobre de... Depende, se Ele se apresentar, e apresentar-se como Rei, tudo bem, mas como um pobre a mais nessa sociedade excluída, dificilmente!

O Rei veio para os pobres, e como em Daniel 4.27 diz: “Portanto, ó rei, aceita o meu conselho e põe termo, pela justiça, em teus pecados e em tuas iniqüidades, usando de misericórdia para com os pobres; e talvez se prolongue a tua tranqüilidade”;

Use de misericórdia para com os pobres que o SENHOR colocou em suas mãos, talvez, entre eles, você encontre um Rei.

Rev. Pevidor



quinta-feira, 23 de abril de 2009

PG - NO CÉU TEM PÃO?


Há muito tempo atrás o Messias veio ao mundo salvar pecadores. Os judeus não esperavam um Rei tão pobre e simples, mas foi assim que Ele veio. Semelhantemente a Ele, a Sua Igreja Primitiva também começou seu ministério com os pobres, é claro que no meio deles havia algum rico também. Todavia o ponto principal é: o que nós, Igreja de Cristo no séc XXI podemos fazer pelos pobres, qual Evangelho devemos pregar a eles.

A Igreja deve anunciar a salvação indistintamente a todos. Todavia, as necessidades daqueles que recebem esse Evangelho do Reino de Deus no mundo, são variadas, e nem todos necessitam do mesmo alimento. Há aqueles que, após se alimentarem com o Evangelho, necessitam apenas de um tapinha nas costas e um sorriso acompanhado com um “Ide em Paz”! há outros que o alimento espiritual do Evangelho não tira o ronco e a dor do estômago vazio, não aquece a pele do frio, e, por mais que dê uma esperança futura de salvação, não contribui para uma salvação presente, já, ainda no mundo.

Essa semana fiquei chocado com um relato de uma criança do faminto nordeste brasileiro que, ao colo da mãe, já em estado de inanição e sem forças, se virou para sua mãe e perguntou-lhe: “mãe, no céu tem pão?”, e morreu. Essa criança morreu por falta de amor, de paixão, de misericórdia, de uma política justa, de uma sociedade humana, de um Evangelho prático, de uma igreja atuante e de uma preocupação social. Ela morreu por falta de comida, por fome. No seu último suspiro, ela só tinha uma preocupação: será que no céu que a Bíblia e o cristianismo falam, há pão para matar a fome?, será que no céu, o pão é real, ou apenas palavras frias e sem sustento, como as palavras dos representantes do céu aqui na terra? Será que no céu o Evangelho é para os pobres?

Quando alguém morre de fome, de frio, por falta de tratamento de saúde, etc, ela é assassinada. É um crime doloso. Mas, o crime só é um crime quando o criminoso é um pobre! Matar alguém de fome é o crime mais horrendo, infame, desgraçado e demoníaco que podemos cometer. Sei que você poderá dizer que jamais mataria alguém. Todavia eu te pergunto: o que você tem feito para dar vida a essas pessoas? o que sua comunidade cristã tem feito, além de palavras, para dar vida, e não sentença de morte aos miseráveis que nossa sociedade produz?

O Evangelho dos pobres nos dá poderes e autoridade para desenvolvermos missões que vão além das paredes de um congresso, uma missão que penetra nas entranhas de uma pessoa carente, nas suas células e produz vida saudável e vida em abundância presente e futura. Todavia, antes de tratarmos dessas pessoas, precisamos tratar de nós mesmos, dos nossos conceitos de cristianismo, do nosso entendimento de Evangelho,e , principalmente, da nossa compreensão de missões.

Há algumas ações, dentro do cristianismo mundial, que, mesmo que fragmentadas aqui ou acolá, realizam uma missão urbana eficaz no combate a pobreza e ao desenvolvimento humano. Dentre alguns casos cito o do cristão S.K. Baliyarsingh, chefe da AKSS, que desenvolve projetos de alimentação de desenvolvimento humano às crianças da Índia. Em outra parte da Índia podemos citar o trabalho do Sr Thomas Paul Jr , que trabalha no desenvolvimento humano na região de Kottayan. Recentemente recebi um contato do Sr Sohail, que trabalha para o desenvolvimento humano das pessoas na comunidade de Youhanna Abad Colony, no Paquistão. Em um trecho da carta que me enviou ele diz: “meu povo está vivendo abaixo da linha de pobreza, mas estamos dando o melhor para erradicarmos a pobreza”, e em outro trecho: “a grande maioria das nossas crianças não vão à escola por causa da pobreza, o povo não tem água limpa pra beber”.

O Evangelho da salvação nos ensina a desenvolvermos uma missão que produza vida, vida aqui na terra, e vida eterna em Cristo Jesus. Você possui todas as armas necessárias para realizar essa missão: dois braços, duas mãos, e um Manual. Talvez esteja te faltando, enquanto discípulo do pobre Jesus de Nazaré, apenas sair de sua inércia, e começar a produzir vida nas pessoas que estão sedentas e famintas à sua volta, e às voltas da sua igreja. Lembre-se que o pastoreio de Jesus não foi somente aos judeus, mas aos doentes às voltas das sinagogas.

Assim, te desafio, enquanto pastor ou sacerdote de uma comunidade cristã, protestante ou não, enquanto cidadão urbano, enquanto ser humano, a fazer algo, a partir de agora, pelo desenvolvimento humano daqueles que estão às margens da sociedade em que você vive. Faça alguma coisa, mesmo que pequena, mas faça! Mobilize sua igreja, sua comunidade, sua sociedade a lutar para o desenvolvimento humano daqueles “pequeninos” que estão à sua volta. Se você começar a fazer algo, muitas pessoas também farão, e, certamente você terá o maior aliado ao seu lado, o pobre, mas rico Jesus Cristo de Nazaré.
Rev. Pevidor

quarta-feira, 22 de abril de 2009

PG - O EVANGELHO DOS POBRES



Há muito tempo atrás o Messias veio ao mundo salvar pecadores. Os judeus não esperavam um Rei tão pobre e simples, mas foi assim que Ele veio. Semelhantemente a Ele, a Sua Igreja Primitiva também começou seu ministério com os pobres, é claro que no meio deles havia algum rico também. Todavia o ponto principal é: o que nós, Igreja de Cristo no séc XXI podemos fazer pelos pobres, qual Evangelho devemos pregar a eles.


A Igreja deve anunciar a salvação indistintamente a todos. Todavia, as necessidades daqueles que recebem esse Evangelho do Reino de Deus no mundo, são variadas, e nem todos necessitam do mesmo alimento. Há aqueles que, após se alimentarem com o Evangelho, necessitam apenas de um tapinha nas costas e um sorriso acompanhado com um “Ide em Paz”! há outros que o alimento espiritual do Evangelho não tira o ronco e a dor do estômago vazio, não aquece a pele do frio, e, por mais que dê uma esperança futura de salvação, não contribui para uma salvação presente, já, ainda no mundo.


Essa semana fiquei chocado com um relato de uma criança do faminto nordeste brasileiro que, ao colo da mãe, já em estado de inanição e sem forças, se virou para sua mãe e perguntou-lhe: “mãe, no céu tem pão?”, e morreu. Essa criança morreu por falta de amor, de paixão, de misericórdia, de uma política justa, de uma sociedade humana, de um Evangelho prático, de uma igreja atuante e de uma preocupação social. Ela morreu por falta de comida, por fome. No seu último suspiro, ela só tinha uma preocupação: será que no céu que a Bíblia e o cristianismo falam, há pão para matar a fome?, será que no céu, o pão é real, ou apenas palavras frias e sem sustento, como as palavras dos representantes do céu aqui na terra? Será que no céu o Evangelho é para os pobres?


Quando alguém morre de fome, de frio, por falta de tratamento de saúde, etc, ela é assassinada. É um crime doloso. Mas, o crime só é um crime quando o criminoso é um pobre! Matar alguém de fome é o crime mais horrendo, infame, desgraçado e demoníaco que podemos cometer. Sei que você poderá dizer que jamais mataria alguém. Todavia eu te pergunto: o que você tem feito para dar vida a essas pessoas? o que sua comunidade cristã tem feito, além de palavras, para dar vida, e não sentença de morte aos miseráveis que nossa sociedade produz?


O Evangelho dos pobres nos dá poderes e autoridade para desenvolvermos missões que vão além das paredes de um congresso, uma missão que penetra nas entranhas de uma pessoa carente, nas suas células e produz vida saudável e vida em abundância presente e futura. Todavia, antes de tratarmos dessas pessoas, precisamos tratar de nós mesmos, dos nossos conceitos de cristianismo, do nosso entendimento de Evangelho,e , principalmente, da nossa compreensão de missões.


Há algumas ações, dentro do cristianismo mundial, que, mesmo que fragmentadas aqui ou acolá, realizam uma missão urbana eficaz no combate a pobreza e ao desenvolvimento humano. Dentre alguns casos cito o do cristão S.K. Baliyarsingh, chefe da AKSS, que desenvolve projetos de alimentação de desenvolvimento humano às crianças da Índia. Em outra parte da Índia podemos citar o trabalho do Sr Thomas Paul Jr , que trabalha no desenvolvimento humano na região de Kottayan. Recentemente recebi um contato do Sr Sohail, que trabalha para o desenvolvimento humano das pessoas na comunidade de Youhanna Abad Colony, no Paquistão. Em um trecho da carta que me enviou ele diz: “meu povo está vivendo abaixo da linha de pobreza, mas estamos dando o melhor para erradicarmos a pobreza”, e em outro trecho: “a grande maioria das nossas crianças não vão à escola por causa da pobreza, o povo não tem água limpa pra beber”.


O Evangelho da salvação nos ensina a desenvolvermos uma missão que produza vida, vida aqui na terra, e vida eterna em Cristo Jesus. Você possui todas as armas necessárias para realizar essa missão: dois braços, duas mãos, e um Manual. Talvez esteja te faltando, enquanto discípulo do pobre Jesus de Nazaré, apenas sair de sua inércia, e começar a produzir vida nas pessoas que estão sedentas e famintas à sua volta, e às voltas da sua igreja. Lembre-se que o pastoreio de Jesus não foi somente aos judeus, mas aos doentes às voltas das sinagogas.


Assim, te desafio, enquanto pastor ou sacerdote de uma comunidade cristã, protestante ou não, enquanto cidadão urbano, enquanto ser humano, a fazer algo, a partir de agora, pelo desenvolvimento humano daqueles que estão às margens da sociedade em que você vive. Faça alguma coisa, mesmo que pequena, mas faça! Mobilize sua igreja, sua comunidade, sua sociedade a lutar para o desenvolvimento humano daqueles “pequeninos” que estão à sua volta. Se você começar a fazer algo, muitas pessoas também farão, e, certamente você terá o maior aliado ao seu lado, o pobre, mas rico Jesus Cristo de Nazaré.


Rev. Pevidor


segunda-feira, 13 de abril de 2009

PG - O DEUS DO RICO E O DEUS DO POBRE




O século que estamos vivendo está desvendando cada vez mais a realidade do desenvolvimento humano no planeta. A evolução em diversos setores mundiais é óbvia e inquestionável. Também o desenvolvimento da riqueza, algo inimaginável. Muitos países não sabem o que fazer com tanto dinheiro que lhes sobra. Sobra, que em alguns casos, acaba se tornando um problema. Parece-me deluso, talvez, alguns poderiam me acusar de demandista, entretanto, no século da evolução e de todo desenvolvimento que acompanhamos, chegou-se a ponto de um homem gastar milhões de dólares para ter o prazer de subir à órbita da terra; outro gastou centenas de milhares para construir uma casa de quase oito mil metros quadrados, em mármore importado, no deserto, somente para receber seus visitantes; outros gastam o equivalente a duzentos dólares mensais com veterinários para cuidados com cães e gatos; e, para não ser prolixo, assisti ultimamente na tv a história de um homem que compra cinqüenta quilos de carne diariamente para sustentar uma onça que tem em casa. Essas histórias de gastos fabulosos acompanhamos diariamente, e até aprovamos com nosso silêncio.

O silêncio também faz parte daqueles que vivem nas margens das nossas cidades. Olhando bem à minha frente, tenho uma grande foto (do famoso fotógrafo Carter) que mandei ampliar, onde em primeiro plano, me apresenta duas crianças esqueléticas e famintas de um campo de refugiados do Sudão. Elas estão, juntamente com outras ao fundo, aguardando uma ração que vem dos países ricos, de onde as pessoas tem tanto dinheiro sobrando, que gastam como citei acima. Uma dessas crianças tem seus olhos embaçados e avermelhados, olhando ao horizonte. Vejo em seu olhar a desesperança, a miséria, um futuro curto; vejo nessa criança a dor, tristeza; vejo seus ossos e até posso contá-los, vejo sua agonia, vejo nela a morte da fome.

Creio que se essas crianças tivessem um gato, elas o comeriam, se tivessem um cão, ele teria o mesmo destino. Mas elas não querem gatos, não querem cães, muito menos mansões ou mesmo conhecerem a terra por cima, pois o que dela conhecem, daqui de baixo, de uma terra rica por dentro e bela por fora, é a fome. Essas crianças querem comida! Querem comer algo, e enquanto muitos dão de comer a seus gatos, essas crianças até desejariam gatos para comerem! Isso, isso é a fome!

Em um capítulo do livro “A Missão da Igreja”, no cap. “Um Jumentinho na Avenida”, de Marcos Adoniram Monteiro, na pg 171, ele relata o diálogo de um fiel ao seu pastor: “Um açougueiro foi entregar um quilo de carne, na casa de um deputado, e encontrou uma mesa no café da manhã com tudo o que o senhor podia imaginar. Então o açougueiro disse: mesa farta doutor! E o deputado respondeu: graças a Deus! e o outro respondeu: é, doutor, o Deus do rico não é o mesmo Deus do pobre. Na minha casa, quando tem pão, falta manteiga; quando tem manteiga, falta pão. Por isso, doutor, o Deus do rico não pode ser o Deus do pobre.”

Há vários países ricos e um número maior ainda de países miseráveis. Há famílias ricas, e um número a perder de vista de outras, ao seu lado, famintas; e há muita, mas muita riqueza mundial. Todavia, ela está nas mãos de um grupo muito pequeno de pessoas. Esses abastados países, e as riquezas pessoais, vivem sob o enigmático poder da riqueza. “Esse poder foi dado por Deus!”; é o que a grande maioria deles, quase sempre cristãos, até mesmo protestantes, dizem. Não duvido, posso até concordar. Mas quanto ao uso, ou para melhor dizer, ao abuso do seu poder e de sua riqueza, isso não, não foi dado por Deus, mas permitido que “andem na teimosia de seus corações, seguindo seus próprios conselhos”(Sl 81.12). A riqueza é uma bênção para um país, para uma família, para uma igreja. Todavia, a mesma riqueza pode se tornar uma maldição tão grande ao ponto de matar outros de fome, enquanto se alimenta seus desejos humanos irracionais.

O Deus dos ricos é o mesmo Deus dos pobres. É assim que a Bíblia O apresenta. A riqueza foi dada a uns para que a seu uso, coubesse a tarefa de equilibrar, num mesmo nível, aqueles que estão abaixo. Ser rico é ter uma tarefa, a tarefa de desfazer a pobreza, de matar a fome. O Deus da riqueza ama os pobres, é o Deus dos pobres. Infelizmente não vivemos esse cristianismo mundialmente. Muitos não vivem esse cristianismo à sua volta.

Podemos fazer muitas obras, muitos gestos ou ações de combate à pobreza a nossa volta. Mas enquanto o silêncio predominar, o conformismo continuará a matar de fome inocentes crianças, e a manter simples pessoas humanas distante da realidade de vida que Cristo veio trazer. Seremos sempre cobeligerantes nas estatísticas de fome e miséria, quando encolhermos nossas mãos de lutar por uma vida mais humana àqueles que não a têm. Nosso silêncio e nossa inércia contaminará, a cada dia, centenas de milhares de pessoas com a doença da fome. E, quando olharmos, bem ao fundo, nos olhos embaçados e avermelhados de alguma criança faminta, veremos ali nossos nomes, e uma insígnia: “o Deus do rico não é o mesmo Deus do pobre!”.

Rev Pevidor

segunda-feira, 6 de abril de 2009

PG - GUETOS E CHIQUES


A violência gera violência! Todos sabemos disso. Todavia a violência que presenciamos hoje em dia nos tele jornais não é resultado apenas de uma violência primária. Nem todos que são criados em ambientes violentos, sofrendo violência, sendo o ‘produto’ de um meio violento são criminosos ou violentos. Se fosse assim, filho de peixe, seria outro peixe.

A teoria para essa causa é conhecida por todos, mas também ignorada por todos. A riqueza nacional é tão vasta quanto a ganância daqueles que detém o poder; e em meio a um país tão rico,vemos o contraste de uma população miserável. Entre ela, vemos o favelado que, nas entrelinhas dos dicionários é sinônimo de bandido, marginal, desalmado... Mas, eles são criminosos ou vítimas? Onde está o maior criminoso, na favela? Talvez encontramos um maior número deles (as) nos condomínios fechados!

Foi assim nos tempos de Jesus. Muitos viviam dentro dos muros da cidade, outros viviam fora dos muros da cidade. Mas eles queriam assim? Não, eram obrigados aos guetos, enquanto os chiques, viviam na segurança dos muros da cidade. O deserto não era lugar para qualquer um, por isso não só os que eram obrigados a viverem lá eram ignorados, como os que, por opção, amor e abnegação para lá iam, também sofriam a segregação como o foi João Batista, a “Voz que clama no deserto”.

Mas, o que é um crime? O que gera um crime? Creio que se seu filho convivesse em escola pública, vendo outras crianças em escolas particulares; comendo pão dormido, enquanto outros se alimentam de finos manjares; sentido o frio da manhã, enquanto outros se aquecem com jaquetas de couro; andando quilômetros a pé, e vendo carros importados com cães nas janelas; imaginando ser um catador de papel, enquanto outros caminham para a maestria; subindo os morros, e outros elevadores; conhecendo armas, e outros internet; vendo a vergonha da mãe nos corredores de hospitais, enquanto outros são chamados pelo nome por ‘seus’ médicos; vendo o pai humilhado por traficantes, enquanto outros pais são condecorados em festas finas, etc, etc, etc, ele seria um criminoso também.

A violência não gera criminosos. A segregação, má distribuição de renda, desigualdade e falta de oportunidades de uns em face das bem aventuranças de outros tão próximos, isso sim, gera violência e criminosos. Por isso digo que os criminosos não são os que a sociedade chama de bandidos, eles na verdade são vítimas da sociedade composta de pessoas tão iguais fisicamente, mas tão diferentes economicamente.

Somente se torna difícil acabar com a criminalidade, porque para isso precisaríamos mexer nos níveis econômicos. Descer os que estão no nível muito alto, para que, com essa parte de "sobra", elevasse os que estão no nível tão baixo. Assim todos seriam iguais. Parece utopia, mas é mais fácil chamá-los de criminosos, mantendo-os nos guetos que nós mesmos criamos; mais fácil gastar dezenas de milhares em dinheiro para blindar nossos carros, do que formar academicamente uma daquelas crianças; é mais fácil e até necessário que assim seja, pois, muitos estão no nível tão superior na vida porque precisaram das costas dos que estão abaixo, e, para se manterem lá, precisam de mais costas ainda.

Somos criminosos quando vemos tudo isso e não fazemos nada para mudar. Somos criminosos quando silenciamos nossa voz, e ensurdecemos nossos ouvidos ao clamor que vem dos guetos, mas ouvimos a alegria quem vem dos chiques.

Rev. Pevidor