“E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades.” (Mt 9:35).
Desde que me entendo por gente vejo problemas sérios nas cidades brasileiras. Há muito tempo atrás pensei que os problemas do menor carente acabariam. Inventaram o ‘criança esperança’. Pensei: que bom! não veremos mais crianças esmolando nos semáforos, nas ruas, cheirando cola nas esquinas e se tornando bandidos em potencial. Todavia, a minha decepção foi maior do que a minha alegria, ao constatar que, após vários anos de campanha, milhões e milhões de reais arrecadados, elas continuam nas ruas, nos semáforos, na cola, na bandidagem, nos guetos da cidade.
Desde que me entendo por gente vejo problemas sérios nas cidades brasileiras. Há muito tempo atrás pensei que os problemas do menor carente acabariam. Inventaram o ‘criança esperança’. Pensei: que bom! não veremos mais crianças esmolando nos semáforos, nas ruas, cheirando cola nas esquinas e se tornando bandidos em potencial. Todavia, a minha decepção foi maior do que a minha alegria, ao constatar que, após vários anos de campanha, milhões e milhões de reais arrecadados, elas continuam nas ruas, nos semáforos, na cola, na bandidagem, nos guetos da cidade.
A igreja está inserida dentro da cidade. Usa a luz da cidade, a água, esgoto, telefone, ruas, prefeitura, comércio e toda a estrutura que uma cidade ‘urbana’ pode oferecer para seus habitantes. Mas esse desfrute não fica somente nas coisas boas; o preço desse usufruir da cidade é caro, pois também a igreja está no meio da fome, às voltas das favelas, das filas intermináveis nos hospitais, da prostituição infantil, do comércio de drogas, da segregação racial e dos guetos impostos pela ’alta’ sociedade. Mas, a pergunta é: a cidade é inimiga da igreja? Muitos pensam que sim; eles dizem: “o mundo está perdido”. Ainda pergunto: a cidade é inimiga da igreja, ou a igreja deve se aliar, ser cobeligerante da cidade para a promoção social e por uma cidade melhor e mais justa? O escritor Clóvis Pinto de Castro escreve dizendo que “ há muitas pessoas que se dizem cristãs, mas que fazem uma distinção entre o sagrado (igreja) e o profano (cidade) colocam-nas como duas realidades distintas e irreconciliáveis. É uma visão dualista da realidade. Dividem-na em parte espiritual e em parte material”.
A igreja está na cidade com uma finalidade específica, pois ela recebeu poder, ao descer sobre ela o Espírito Santo, para ser testemunha de dos atos e palavras de Jesus, tanto no bairro da igreja, como em toda a cidade e município, e até aos confins da terra. Dessa forma percebemos que a cidade não é inimiga da igreja. A igreja não consegue viver sem a cidade. Ambas fazem parte do mesmo contexto, das mesmas bem aventuranças, dos mesmos problemas.
A cidade precisa da igreja em todo o seu contexto. Ela espera ser influenciada pela santidade da igreja. A cidade espera uma atitude da igreja, ou até mesmo uma resposta da igreja nela inserida, por um mundo melhor, mais justo e habitável. Todavia, pelo fato da igreja se achar mais santa que a cidade, por se ver salva, incontaminada, e num patamar superior, ela muitas vezes olha de cima para os problemas da sua cidade, e não consegue se misturar para tempera-la ou ilumina-la. Em Mt 5.13-14 encontramos Jesus dizendo que a igreja é o sal e a luz da cidade. Mas, o sal não tempera se não for misturado à comida; a luz não ilumina se estiver escondida ou desligada. Assim, como a igreja poderá transformar o mundo se se fecha dentro de quatro paredes, e não se envolve com a cidade e seus problemas?
A cidade necessita da igreja tão quanto a igreja precisa da cidade. A cidade espera a salvação que vem ‘da igreja’, mas não o seu julgamento. Tantos necessitados, excluídos, discriminados, injustiçados, pobres e mal amados olham para a igreja, como o coxo (At 3.1-11) da porta formosa olhou para Pedro e João, esperando receber dela alguma coisa de bem. Pedro e João disseram: “olha para nós”. A igreja somente poderá dizer à sua cidade: “olha para nós”, quando ela estiver envolvida, unindo suas forças com a sua cidade, no sentido de transformar sua cidade num núcleo de vida, amor, compaixão e cumplicidade. Quando isso acontecer, as pessoas da cidade se encherão de admiração e assombro pelo que a igreja tem a oferecer. Quando a igreja deixar de investir em Sinagogas, para investir em vidas, aí sim ela, a igreja, terá autoridade de Deus para dizer: “Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” (At 3.6).
Rev Alexandre Pevidor
Rev Alexandre Pevidor
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