quarta-feira, 26 de novembro de 2008

PG - A INVOLUÇÃO HUMANA



Estamos vivendo tempos muito difíceis. Os séculos passaram, a evolução da ciência, da tecnologia, do conhecimento e da riqueza se tornaram grandiosos em todo mundo. A igreja alcançou os confins da terra, norte a sul, leste a oeste do velho planeta. Tudo isso seria maravilhoso e digno de comemoração, se não fosse a terrível realidade vivencial da grande maioria da população humana na terra.

O desenvolvimento dos setores essenciais para o enriquecimento das nações alcançou níveis inimagináveis. Mas, tudo isso seria perfeito, se não fosse o terceiro mundo, o terceiro setor... O desenvolvimento mundial aconteceu extraordinariamente, mas somente para alguns. Que pena! Mas porque somente para alguns? Porque há países tão ricos e outros tão pobres? Porque há pessoas tão ricas e outras tão pobres? Porque há favorecimento a uns e a outros não? Tem mesmo que ser assim?

Uma pergunta fica no ar, e não há quem me responda: “porque o mundo desenvolveu tanto, mas, mesmo diante de tanto avanço, ainda vemos um comportamento troglodítico nos seres humanos”? Se tornaram evoluídos, mas não abandonaram o barbaresco. A evolução da ciência e da medicina serve para curar os ricos, mas não tem o mesmo poder medicinal sobre os pobres; a tecnologia é eficiente para desenvolver países ricos, mas é também eficiente para manter os do terceiro mundo mais pobres ainda; o desenvolvimento faz países gastarem bilhões para desenvolvimento de armas de guerra, mas não consegue desenvolver cura para a pobreza que os rodeia; o desenvolvimento serve para que uns batam no peito dizendo: “Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano”, enquanto outros dizem: “Ó Deus, sê propício a mim, pecador! (Lucas 18-11-13)”
Todo o desenvolvimento mundial aconteceu e foi idealizado, buscado e batalhado para que houvesse uma mudança e uma transformação na realidade humana. Os maiores inventores tinham na sua mente um progresso humano, não individual. Mas, quanto mais o tempo passa, quanto mais acompanhamos a evolução, mais vemos guetos, terceiro setor, terceiro mundo e todos os adjetivos para a pobreza.

Nesse contexto podemos encontrar indivíduos que compram carros importados. E para cada carro importado comprado por alguém, centenas de pessoas precisam andar a pé. A cada filé mignon servido na mesa de um opulento, muitos necessariamente precisam comer ‘palmas’. Dura verdade, mas o único sentimento que sobra nos venturosos é o da comiseração, dos discursos e dos projetos. Uma pena que tudo isso não mate a fome.

Temos um grande poder nas mãos. Como Igreja Cristã Protestante ou Católica, como políticos, empresários, universitários e acima de tudo, como cidadãos urbanos, temos o poder de mudar a realidade histórica de uma vida, de uma sociedade, de um país. Mas o que temos feito? Onde estão nossas mãos? Será que só podemos fazer o bem para o desenvolvimento humano de um desconhecido quando pudermos receber algo em troca? Será que jamais conseguiremos exercer o princípio de Jesus: “ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita?” (Mateus 6.3) Creio que não. Temos um grande poder nas mãos. Temos o poder de mudar o curso da história das pessoas. Temos o poder de tirar um choro e colocar um sorriso; de arrancarmos a incredulidade e renascer em seu lugar a esperança, de um potencial criminoso em um líder universitário; temos o poder de destruirmos os guetos e criarmos dignidade, de acabarmos com a desigualdade social e sermos todos, igualmente um.

Eu faço o que meus braços alcançam, e sonho todos os dias com uma humanidade evoluída. “Eu também sou vítima de sonhos adiados, de esperanças dilaceradas, mas, apesar disso, eu ainda tenho um sonho, porque a gente não pode desistir da vida” (Rev. Martin Luther King Jr).

Rev. Pevidor

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A IGREJA EM AÇÃO


Estamos caminhando para o fim da carreia humana nessa velha terra. Todas as profecias finais estão se cumprindo, e muito em breve a humanidade será sucumbida pelo último dia, pelo cumprimento das profecias finais e pela volta do Messias Salvador.
Essa manifestação final é aguardada pelos santos fieis espalhados pela terra a fora. Também aguarda essa redenção toda da criação do Todo Poderoso; entre ela a natureza, o cosmos e os pobres. Pensando nisso perguntamos: precisamos esperar a volta de Jesus para que a população menos favorecida sinta a salvação e tenha uma qualidade de vida melhor? O que podemos fazer ainda hoje, na apresente dispensação? O que você pode fazer? O que sua igreja como entidade do Reino de Deus nesse mundo pode fazer?
A igreja brasileira sempre se preocupou pouco com a salvação dos menos favorecidos. Não na questão da salvação eterna, no livramento de seus pecados; mas sim na salvação presente, da sua fome, da sua qualidade de vida, dos seus estudos, da sua profissionalização. Nos países mais antigos, já se criaram entidades de apoio ao desenvolvimento humano pelo planeta a fora. Os principais países protestantes já gastam fortunas, atravez de suas igrejas, com projetos que promovam o desenvolvimento humano àqueles que não possuem.
Como brasileiro, e como igreja brasileira tenho autoridade de falar que os valores do Reino, para aplicação no desenvolvimento humano dos menos favorecidos, ficaram de lado a muito tempo. Posso até dizer que desde que tenho razão, nunca vi a igreja com uma preocupação eficaz no desenvolvimento humano da grande maioria das pessoas desse país tão rico, mas com uma população pobre e sem recursos. Nunca presenciei uma luta da igreja para punição de governantes corruptos, de leis de favorecimento, de injustiças sociais, de distribuição de renda desigual... Nunca vi a igreja cristã como um exército. Todavia, sempre a vi como soldados, isolados uns dos outros, combatendo uns aos outros e nada fazendo para combater um exército de milhares de corruptos e desonestos nesta pátria tão amada. Essa igreja que conheço nunca fez a diferença, nunca foi realmente igreja fora dos seus próprios portões.
O Senhor Jesus fundou uma representante do Seu Reino no mundo que poderíamos chamar de Igreja em Ação. Ele pregava o Evangelho da salvação eterna, mas imediatamente agia em favor dos menos favorecidos: curava enfermos (Mt 4.23-24, 8.16, 9.35, 12.15,22, 14.14, 15.30, 19.2, 21.14, Mc 1.34, 3.10, Lc 4.40, 6.19, 7.21, 9.42, 13.14, 14.4, 22.51, Jo 5.11); Ele ensinou como cumprir as leis: Mt 5.27-48; Ele ensinou a compadecer-se (Mt 6.2-4); Ele fazia o bem (Mt 9.35-38); salvava os humildes (Mt 11.25-30); Ele alimentava pessoas sem condições Mt 14.13-21, 15.32-39; Ele ensinou como pagar os impostos corretamente (Mt 17.24-27); Como agir com os credores (Mt 18.23-35); Ele ensinou como fazer uma justiça igual (Jo 8.1-11).
Diante desse ministério e exemplo do fundador do Cristianismo eu pergunto: que tipo de igreja temos sido em nosso século? Nossa conduta como igreja de Cristo tem seguido Seu exemplo prático? Nosso ministério tem sido um ministério aprovado pela conduta ministerial de Jesus? Temos sido uma igreja em ação? O que tenho percebido a anos é que a igreja cristã contemporânea é expert em decifrar e falar as palavras de Jesus, mas em seguir Seu ministério prático, digo que até poderíamos ser igreja cristã, mas certamente não seríamos Igreja de Cristo. Temos honrado a Cristo e a Seu ministério com nossas palavras, menos com nosso ministério prático; temos sido igreja cristão de palavras, e palavras são vazias, não sustentam, não mudam a realidade. A igreja em ação fala e faz, prega e luta, é igreja que age a exemplo do ministério acionário do maior sociólogo de Deus em favor da humanidade menos favorecida.
Tire sua vida e sua igreja da inércia, e comece a fazer algo. Aja, coloque na prática, o que na teoria você já sabe muito bem: faça da sua igreja, onde você vive, UMA IGREJA EM AÇÃO.

Rev Pevidor

domingo, 2 de novembro de 2008

PG - A IGREJA E A CIDADE


“E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades.” (Mt 9:35).

Desde que me entendo por gente vejo problemas sérios nas cidades brasileiras. Há muito tempo atrás pensei que os problemas do menor carente acabariam. Inventaram o ‘criança esperança’. Pensei: que bom! não veremos mais crianças esmolando nos semáforos, nas ruas, cheirando cola nas esquinas e se tornando bandidos em potencial. Todavia, a minha decepção foi maior do que a minha alegria, ao constatar que, após vários anos de campanha, milhões e milhões de reais arrecadados, elas continuam nas ruas, nos semáforos, na cola, na bandidagem, nos guetos da cidade.

A igreja está inserida dentro da cidade. Usa a luz da cidade, a água, esgoto, telefone, ruas, prefeitura, comércio e toda a estrutura que uma cidade ‘urbana’ pode oferecer para seus habitantes. Mas esse desfrute não fica somente nas coisas boas; o preço desse usufruir da cidade é caro, pois também a igreja está no meio da fome, às voltas das favelas, das filas intermináveis nos hospitais, da prostituição infantil, do comércio de drogas, da segregação racial e dos guetos impostos pela ’alta’ sociedade. Mas, a pergunta é: a cidade é inimiga da igreja? Muitos pensam que sim; eles dizem: “o mundo está perdido”. Ainda pergunto: a cidade é inimiga da igreja, ou a igreja deve se aliar, ser cobeligerante da cidade para a promoção social e por uma cidade melhor e mais justa? O escritor Clóvis Pinto de Castro escreve dizendo que “ há muitas pessoas que se dizem cristãs, mas que fazem uma distinção entre o sagrado (igreja) e o profano (cidade) colocam-nas como duas realidades distintas e irreconciliáveis. É uma visão dualista da realidade. Dividem-na em parte espiritual e em parte material”.

A igreja está na cidade com uma finalidade específica, pois ela recebeu poder, ao descer sobre ela o Espírito Santo, para ser testemunha de dos atos e palavras de Jesus, tanto no bairro da igreja, como em toda a cidade e município, e até aos confins da terra. Dessa forma percebemos que a cidade não é inimiga da igreja. A igreja não consegue viver sem a cidade. Ambas fazem parte do mesmo contexto, das mesmas bem aventuranças, dos mesmos problemas.

A cidade precisa da igreja em todo o seu contexto. Ela espera ser influenciada pela santidade da igreja. A cidade espera uma atitude da igreja, ou até mesmo uma resposta da igreja nela inserida, por um mundo melhor, mais justo e habitável. Todavia, pelo fato da igreja se achar mais santa que a cidade, por se ver salva, incontaminada, e num patamar superior, ela muitas vezes olha de cima para os problemas da sua cidade, e não consegue se misturar para tempera-la ou ilumina-la. Em Mt 5.13-14 encontramos Jesus dizendo que a igreja é o sal e a luz da cidade. Mas, o sal não tempera se não for misturado à comida; a luz não ilumina se estiver escondida ou desligada. Assim, como a igreja poderá transformar o mundo se se fecha dentro de quatro paredes, e não se envolve com a cidade e seus problemas?

A cidade necessita da igreja tão quanto a igreja precisa da cidade. A cidade espera a salvação que vem ‘da igreja’, mas não o seu julgamento. Tantos necessitados, excluídos, discriminados, injustiçados, pobres e mal amados olham para a igreja, como o coxo (At 3.1-11) da porta formosa olhou para Pedro e João, esperando receber dela alguma coisa de bem. Pedro e João disseram: “olha para nós”. A igreja somente poderá dizer à sua cidade: “olha para nós”, quando ela estiver envolvida, unindo suas forças com a sua cidade, no sentido de transformar sua cidade num núcleo de vida, amor, compaixão e cumplicidade. Quando isso acontecer, as pessoas da cidade se encherão de admiração e assombro pelo que a igreja tem a oferecer. Quando a igreja deixar de investir em Sinagogas, para investir em vidas, aí sim ela, a igreja, terá autoridade de Deus para dizer: “Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” (At 3.6).
Rev Alexandre Pevidor